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Bala perdida mata menino de 8 anos em favela no Rio
Morte aconteceu a 4 km do complexo do Alemão, onde Lula discursava a favor de uma polícia "mais companheira"
Família acusa PM de ter matado criança; presidente defende nova forma de atuação das polícias em áreas carentes da cidade
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
No momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
anunciava ontem no complexo
de favelas do Alemão a adoção
de um novo modelo de atitude
policial, "mais companheira",
moradores do complexo da
Maré, a 4 km dali, queimavam
um carro e interditavam uma
via expressa em protesto contra a morte, pouco antes, de um
menino de oito anos, em tiroteio entre PMs e criminosos.
A família acusa policiais de
terem matado o estudante Mateus Rodrigues Carvalho. Além
de negar, a PM divulgou que
moradores da Maré (zona norte) e parentes da vítimas a impediram de prestar socorro.
Ao lançar no Alemão (zona
norte) o projeto Território de
Paz, Lula defendeu a necessidade de as polícias mudarem o
modo de atuação em áreas carentes.
Em referência ao Pronasci
(Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania),
do Ministério da Justiça e do
qual o Território de Paz faz parte, Lula disse que quer "estabelecer uma ação harmônica entre a sociedade e a polícia".
"A polícia que vai atuar aqui
vai ser mais companheira. (...)
Não queremos mais aquela polícia que aparece de quando em
quando, sem saber tratar quem
é bom e quem não é, achando
que todo mundo é inimigo",
discursou Lula para 2.000 pessoas reunidas em um depósito
desativado na favela Nova Brasília, que integra o complexo.
A cinco minutos de carro do
local da solenidade, moradores
do complexo de 22 favelas na
Maré fechavam uma pista de
acesso à Linha Vermelha e incendiaram um carro.
O menino, duas horas antes,
havia sido baleado na nuca
quando saía para comprar pão.
Morreu no local. De manhã, o
22º Batalhão da PM, responsável pelo patrulhamento na Maré, divulgou que um grupo de
traficantes atacara a tiros uma
patrulha na favela Baixa do Sapateiro, iniciando o tiroteio.
À tarde, a corporação apresentou uma versão diferente: a
patrulha teria ido à favela por
causa de um confronto entre
traficantes, mas, quando os policiais chegaram ao local, o confronto já teria terminado.
Presente ao evento, o ministro da Justiça, Tarso Genro, em
discurso, prometeu "que em
três, quatro, cinco anos toda a
cidade, toda a comunidade do
Rio será território da paz".
"Não queremos mais o velho
modelo do policial que entra,
atira e sai", discursou Tarso.
Lula procurou também enaltecer a atividade policial.
"É importante lembrar que a
polícia é composta por seres
humanos, que têm pais, filhos,
e, como nós, têm medo da violência. Vocês não podem ver a
polícia como inimiga nem ela
ver vocês como bandidos."
O programa faz parte do investimento de R$ 133,6 milhões do Pronasci no Rio. As
mulheres selecionadas receberão R$ 190 mensais para prevenir conflitos e afastar jovens da
criminalidade. O programa será implementado em sete comunidades cariocas.
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