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EDUCAÇÃO
Por ter se definido tardiamente, secretaria municipal arcaria com despesas de 50 escolas sem receber recursos em 98
Indefinição pára municipalização em SP
FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local
A indefinição da Secretaria Municipal da Educação de São Paulo
sobre a municipalização de 50 escolas estaduais levou o governo do
Estado a cancelar esse processo,
pelo menos até a conclusão das
matrículas.
Segundo a assessoria da Secretaria de Estado da Educação, as 50
escolas que estavam sendo negociadas para municipalização farão
matrículas como qualquer outra
escola da rede estadual da capital,
a partir de segunda.
O vaivém da municipalização
começou há três meses, quando o
então recém-empossado secretário municipal da Educação, Ayres
da Cunha, manifestou interesse
em municipalizar escolas estaduais. Municipalização significa
que o Estado repassa ao município
o edifício da escola e a prefeitura
arca com todos os custos, do salário dos professores à manutenção.
Quando a negociação começou,
Ayres da Cunha pediu que as Delegacias Regionais de Ensino do município fizessem um levantamento
das escolas que interessariam à rede municipal manter. Chegou-se a
pouco mais de 50 escolas.
Começaram a circular boatos de
que essas escolas seriam fechadas
ou de que perderiam as classes para alunos especiais, o que resultou
em manifestações de pais.
Mas o maior problema é que a
secretaria municipal entrou tarde
no processo de municipalização.
Isso porque os recursos de manutenção do ensino fundamental a
partir do ano que vem serão distribuídos de acordo com o número
de alunos que cada rede atender.
Esse número de alunos é determinado pelo censo escolar de 97, já
concluído. Portanto, se a municipalização se mantivesse para 98, o
governo municipal estaria assumindo alunos de 50 escolas, mas
não receberia o dinheiro por isso
-já que, na contagem do censo,
esses alunos estão na rede estadual
e não na municipal.
Esse fato levou o Ministério Público a entrar esta semana com
uma ação civil pública contra a
municipalização das 50 escolas.
Até ontem, o secretário Ayres da
Cunha não tinha definido sua posição sobre a questão, segundo sua
assessoria de imprensa.
Mais de 300 municípios paulistas
assumiram colégios do Estado nos
últimos dois anos para receber o
dinheiro correspondente aos alunos dessas escolas. Só que, ao contrário de São Paulo, eles assinaram
os convênios antes do fechamento
do censo de 1997.
Por trás disso tudo está o fundão,
que vincula ao ensino fundamental 15% da arrecadação e transferências dos municípios e Estados.
Como em São Paulo o governo estadual mantém muito mais alunos
do que os municípios, as prefeituras teriam de "dar" recursos de
seus impostos ao governo do Estado, caso não assumissem escolas.
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