São Paulo, sábado, 5 de dezembro de 1998

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Veículo doado estimulou criação de grupo

da Agência Folha, em Maceió

O Grupo Viva Rachid foi criado por Alaíde Elias da Silva após a doação de uma Kombi pela empresária Luma de Oliveira, em 95.
A organização não-governamental leva o nome do filho de Alaíde, Walter Rachid Elias Constâncio, morto em 93, aos 8 anos, em consequência da Aids, doença que contraiu com 1 ano de idade por meio de transfusão de sangue realizada em Recife.
Alaíde, ex-auxiliar de odontologia, só soube da contaminação três anos depois, quando as infecções oportunistas começaram a se manifestar. "Ele ficava doente, sarava e depois adoecia de novo."
Para poder cuidar do garoto, Alaíde -que tem mais dois filhos- deixou o emprego e a família e passou a depender apenas do salário de seu ex-marido.
Sem recursos sequer para o tratamento de Rachid, Alaíde recorreu à Justiça e fez campanhas públicas para obter auxílio. Conseguiu sensibilizar a opinião pública e passou a ajudar outras famílias em situação semelhante.
"Foram dois anos de trabalho pessoal voluntário, participando de reuniões, confortando pais e mobilizando comunidades para ajudar as crianças portadoras do HIV", lembra.
Em 95, Luma de Oliveira, que havia conhecido Rachid um mês antes dele morrer, doou uma Kombi para ajudar a mãe do garoto. "Com o carro, decidi criar o Viva Rachid para atender melhor as crianças", disse Alaíde.
Em três anos, a ONG atendeu aproximadamente 150 crianças e adolescentes de zero a 14 anos, portadores do vírus HIV. Hoje, a entidade atende 97 pessoas.
O Viva Rachid mantém oito funcionários, que recebem ajuda de custo entre R$ 150 e R$ 600 por mês, paga pelo Ministério da Saúde e Unicef -principais financiadores da organização.
A entidade, que recebeu mais um veículo, entregue pelo ministério, trabalha agora na reforma de uma casa doada pela Shell para implantar no local um centro de apoio psicológico e social. "É um caminho sem volta", disse Alaíde.
"Nossa luta contra o preconceito e para garantir o direito de cidadania da criança portadora do HIV só vai acabar no dia em que descobrirem a cura da Aids", afirmou.



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