São Paulo, sábado, 06 de janeiro de 2007

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Chefes do tráfico do Rio são isolados em prisão no Paraná

Três dos 12 transferidos são apontados como mandantes de ataques que levaram pânico ao Rio antes do Réveillon

No presídio de segurança máxima de Catanduvas, eles ficarão submetidos a regime rígido, em celas individuais e a monitorados 24 horas

Ricardo Moraes/Folha Imagem
Helicópteros da polícia que escoltaram a transferência de presos do Rio para Catanduvas


TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Considerados os chefões do tráfico no Rio de Janeiro, 12 criminosos foram transferidos ontem da penitenciária de segurança máxima carioca Bangu 1 para a penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná, onde ficarão no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado).
Parte dos presidiários transferidos é acusada pela polícia de provocar os ataques que levaram pânico à cidade três dias antes do Réveillon.
Entre os criminosos mais conhecidos estavam Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, e Robson André da Silva, o Robinho Pinga. Os dois primeiros fazem parte da mais antiga facção criminosa do Rio, o CV (Comando Vermelho).
Robinho Pinga é o único transferido de outra facção, TCP (Terceiro Comando Puro). É considerado o maior atacadista de drogas do Estado.
Eles são três dos seis apontados pela polícia como os mandantes dos ataques a delegacias, prédios e ônibus na madrugada do dia 28, que deixaram 19 mortos no Estado -sete carbonizados em um ônibus.
O presídio de Catanduvas, o primeiro federal do país, foi inaugurado em junho de 2006 e teve com primeiro detento o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, do Comando Vermelho.
A penitenciária tem capacidade para 208 presos, todos em celas individuais, e possui equipamentos de segurança com monitoramento de 200 câmeras de vídeo, 24 horas por dia.
Em Catanduvas, os presos não têm contato direto com funcionários e visitas. As celas têm 14 metros quadrados. O contato com advogados também é monitorado.
O helicóptero da Marinha UH-14 Super Puma, com capacidade para 20 pessoas, pousou ao lado da penitenciária, dentro do complexo de Bangu (zona oeste), às 15h23 de ontem. Segundos depois, pousaram ao lado do 14º Batalhão de PM e, ainda no complexo, dois outros helicópteros em escolta, um da Polícia Civil, outro da PM.
Em minutos os presos embarcaram e às 15h48 partiram para o Aeroporto Tom Jobim, de onde seguiram para o Paraná. Segundo o comandante do Grupamento Especial de Policiamento do complexo, major Ricardo Farias, só no complexo havia o reforço de 150 PMs.
A polícia decidiu não levá-los em comboio em carros por causa da quantidade de favelas que há entre Bangu e o aeroporto.
Relatos de pessoas que trabalham próximo ao presídio apontam que, anteontem, as mulheres de Marcinho VP e de Elias Maluco choravam em frente ao complexo e reclamavam com os advogados da provável mudança de endereço.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, a transferência foi definida em reunião do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) com a cúpula federal de segurança, em reunião na quarta-feira.
O juiz Carlos Augusto Borges, da Vara de Execuções Penais, determinou a remoção dos presos pelo prazo de 120 dias.


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