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Laboratório pagará US$ 500 mi a pacientes
Indenização beneficiará 18 mil pessoas nos EUA, que alegaram ter contraído diabetes após usar remédio para esquizofrenia
Eli Lilly afirma que, apesar do acordo firmado, ainda considera o Zyprexa uma alternativa segura para tratar doenças mentais
ALEX BERENSON
DO "NEW YORK TIMES"
A Eli Lilly fechou acordo ontem para pagar US$ 500 milhões em indenização a 18 mil
pacientes dos Estados Unidos
que abriram processo contra a
empresa alegando terem contraído diabetes ou outras doenças depois de usarem o Zyprexa, medicamento usado para
combater esquizofrenia e distúrbio bipolar.
O medicamento é usado no
Brasil, mas até agora não há registro de casos semelhantes.
Incluindo acordos anteriores
sobre processos relacionados
ao Zyprexa, a Lilly até o momento já se comprometeu a pagar pelo menos US$ 1,2 bilhão a
28,5 mil pessoas que alegaram
ter sido prejudicadas pelo medicamento. Pelo menos 1.200
processos continuam pendentes, segundo o grupo.
Cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo usaram
o Zyprexa em algum momento
desde sua introdução, em 1996.
Tanto a Lilly quanto os advogados dos queixosos se declararam satisfeitos com o acordo.
Com vendas mundiais da ordem de US$ 4,2 bilhões no ano
passado, o Zyprexa é o remédio
mais vendido da Lilly.
Testes clínicos demonstram
que, para muitos pacientes, o
Zyprexa causa severo ganho de
peso e altas no colesterol e no
nível de açúcar no sangue.
Em seu comunicado, a Lilly
afirma que o acordo não altera
sua posição de que o Zyprexa
representa tratamento seguro
e efetivo para doenças mentais.
"Queríamos reduzir as significativas incertezas de um julgamento envolvendo casos
dessa complexidade", afirmou
Sidney Taurel, presidente-executivo da Lilly, no comunicado.
Douglas Sucar, do departamento de neurociências da Associação Brasileira de Psiquiatria, afirma que o Zyprexa, além
de provocar elevação dos níveis
de açúcar no sangue, também
traz risco de aumento de peso,
por "abrir" o apetite.
"O ganho de peso, por si só, é
um fator de risco para o diabetes", diz Sucar.
O psiquiatra explica, no entanto, que é difícil fazer uma relação direta entre o uso dos remédios e o desenvolvimento do
diabetes. Ao comentar as ações
judiciais nos EUA, ele lembra
que os norte-americanos têm
reconhecidamente uma dieta
rica em gorduras e carboidratos, o que, junto com o uso do
remédio, pode levar à obesidade e possivelmente ao diabetes.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Colaborou FABIANE LEITE , da Reportagem Local
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