São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2009

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Mesmo com lei seca, feriado tem mais mortes nas estradas

Foram 435 mortos nas vias federais no Natal e no Ano-Novo, 13,3% a mais do que em 2007

Para a polícia rodoviária, número de vítimas teria sido ainda maior caso a lei não estivesse em vigor; acidentes também tiveram aumento

Wellington Fred/"Diário do Aço"
Equipe de resgate trabalha em acidente na BR-381, na Bahia

LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo após seis meses de lei seca, o número de mortos e de acidentes nas rodovias federais aumentou nos feriados prolongados de fim de ano. Balanço da Polícia Rodoviária Federal mostra que o número de mortos nas estradas cresceu 13,3% durante os 16 dias que abrangem o Natal e o Ano-Novo em comparação com período semelhante de 2007.
A polícia rodoviária comparou o intervalo de 22 de dezembro de 2007 a 6 de janeiro de 2008 com o período de 20 de dezembro do ano passado a 4 de janeiro deste ano.
O número de mortes nas estradas passou de 384, no fim de 2007/início de 2008, para 435 neste último feriado de final de ano. O número de acidentes cresceu 7,8%.
Em São Paulo, porém, o número de mortos tanto nas rodovias estaduais quanto federais caiu.
A PRF descartou a possibilidade de a lei seca não ter atenuado os resultados negativos nas estradas. "Os números poderiam ter sido muito piores caso a nova legislação não estivesse em vigor desde junho do ano passado", avaliou o inspetor da PRF Alexandre Castilho.
Jaime Waisman, especialista em engenharia de tráfego e professor da USP, concorda.
"Onde já tem uma fiscalização melhor a lei seca funciona mais.
Onde é pior a lei seca não funciona muito. Não adianta ter lei seca se não tem fiscalização.
Em muitos lugares pelo interior do país não existe nem bafômetro", afirmou.
Em todo o país, 1.043 motoristas foram flagrados dirigindo sob efeito de álcool contra 392 do período anterior.
Waisman também acredita que o aumento na venda de veículos em todo o país em 2008 (14,5%) também contribuiu. "A crise ainda não chegou de verdade. O tráfego segue crescendo. Houve também muita chuva, que reduz a visibilidade, piora a situação do pavimento e potencializa os acidentes."

Chuva e imprudência
Segundo a PRF, os principais motivos para a escalada da violência nas rodovias foi a chuva, que atingiu principalmente as regiões Sul e Sudeste, e a imprudência dos motoristas.
"Não podemos ser simplistas para tentarmos achar uma fórmula para qualificar o aumento de acidentes. No entanto, hoje temos mais chuvas. No feriadão passado, as chuvas não foram tão intensas nem atingiram tantos Estados importantes do país, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina", disse o inspetor Castilho.
Segundo Castilho, no período de chuvas mais intensas a velocidade nas rodovias costuma se reduzir, e motoristas imprudentes procuram mais formas de ultrapassar, mesmo em locais proibidos.
"A irresponsabilidade dos motoristas também tem de ser levada em conta no momento em que observamos que, mesmo com o aumento da fiscalização, temos aumento significativo de acidentes", completou.
O inspetor Alvarez Simões, da coordenação-geral de operações, disse que vários acidentes envolveram carros superlotados. No Rio Grande do Sul, por exemplo, uma família de seis pessoas morreu quando o veículo entrou na contramão e bateu em um caminhão.
Na rodovia Régis Bittencourt, em São Paulo, um carro com dez pessoas capotou no dia 25 de dezembro, levando seis adultos e quatro crianças ao serviço de emergência.
São Paulo ficou em quarto lugar no ranking de Estados com maior números de acidentes no país, com 567 ocorrências.
Minas Gerais, que tem a maior malha rodoviária do país, liderou o ranking de acidentes e também registrou o maior número de mortos nas rodovias federais -89.


Colaborou ALENCAR IZIDORO, da Reportagem Local


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