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OLIVEIRA FERREIRA DA SILVEIRA (1941-2009)
Um idealizador do Dia da Consciência Negra
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O 13 de Maio, dia em que
uma princesa branca aboliu
do país a escravidão negra
com a Lei Áurea, em 1888,
não significava muito para
Oliveira Ferreira da Silveira.
Em 1971, sob o governo do
general gaúcho Emílio Garrastazu Médici, ele e os amigos, reunidos em Porto Alegre (RS), decidiram que, a
partir de então, comemorariam o 20 de Novembro.
Princesa Isabel foi posta
de lado: com a nova data, dia
da morte de Zumbi, líder do
Quilombo de Palmares, celebrava-se "um legítimo herói
da resistência negra". "Eles
foram os primeiros a comemorar o 20 de Novembro, e a
data começou a se espalhar",
lembra a filha Naiara, 39.
O governo, então acostumado a monitorar reuniões
civis, chegou a pedir explicações sobre as atividades do
Grupo Palmares, do qual Oliveira fazia parte. Mas não tiveram grandes problemas.
O Dia da Consciência Negra, como ficou conhecida a
data desde 1978, entraria oficialmente para o calendário
nacional apenas em 2003.
"Ele também brigou para
que a história afro-brasileira
fosse ensinada nas escolas",
conta a filha. Professor de
português e literatura em escolas estaduais, Oliveira foi
integrante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, do governo federal. Lançou livros de poesia e
trabalhava atualmente num
estudo sobre a história de
clubes negros, que a doença o
impediu de concluir.
Na quinta, primeiro dia do
ano, morreu em Porto Alegre, com um câncer na próstata. Deixa filha e dois netos.
obituario@grupofolha.com.br
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