São Paulo, #!L#Domingo, 06 de Fevereiro de 2000


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GUERRA URBANA
Índice de bom/ótimo caiu de 57% há dois anos para 37%
Cai a taxa de aprovação de perueiros paulistanos

Ernesto Rodrigues - 20.jan.2000/Folha Imagem
Ônibus queimado durante manifestação de perueiros ilegais


SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local

Pivô de uma série de confrontos no último mês, o sistema de lotações da capital paulista está perdendo o apoio dos moradores.
Há pouco mais de dois anos, 79% dos paulistanos diziam ser favoráveis à existência das lotações como opção de transporte na cidade. Hoje, no entanto, o índice caiu 14 pontos percentuais -só 65% aprovam o sistema como ele existe hoje (veja quadro).
Os dados constam de duas pesquisas feita pelo Datafolha sobre o assunto -em 20 de outubro de 97 e na última quinta-feira, antes de um perueiro ter causado a morte de três passageiros ao fugir de uma blitz da prefeitura.
A rejeição, de acordo com a pesquisa da semana passada, é maior entre homens -32% são contra a existência das lotações como opção de transporte-, pessoas com mais de 41 anos (35%), com nível superior (35%), com renda familiar acima de 20 salários mínimos (37%) e que, normalmente, usam o carro para se locomover (33%).
Entre os que são favoráveis às lotações estão, principalmente, os segmentos que mais as utilizam, de acordo com a pesquisa -os jovens de 16 a 25 anos (74%), as mulheres (70%) e os mais pobres (66% dos que têm renda familiar de até dez salários mínimos).
Outro dado que evidencia a perda de prestígio das lotações surge quando os entrevistados pelo Datafolha são convidados a avaliar os meios de transporte disponíveis em São Paulo.
Em 97, 57% dos entrevistados classificaram as peruas como boas ou ótimas. O índice caiu para 41% em uma pesquisa feita em agosto do ano passado e chegou agora a 37% -uma queda de 20 ponto percentuais em pouco mais de dois anos. Os entrevistados que classificam o sistema como ruim ou péssimo, por sua vez, passaram de 14% para 29%.

Receio
"Se a prefeitura regulamentasse o sistema, não haveria confrontos nem insegurança", dizia na última sexta-feira a consultora de imóveis Rose de Castro, 34, irmã de uma passageira ferida no acidente envolvendo uma lotação.
A pesquisa sugere que a sensação de Rose é a mesma de muitos paulistanos. De acordo com os dados, a insatisfação dos moradores da cidade não reflete uma rejeição real ao sistema, mas uma desaprovação decorrente do risco oferecido pela clandestinidade.
Prova disso é que, entre os entrevistados que afirmam estar bem informados sobre os últimos confrontos envolvendo perueiros, fiscais e guardas municipais, o apoio à existência do sistema de lotações como ele é hoje cai de 65% para 60%. Entre os que dizem não ter conhecimento do assunto, a aprovação é de 70%.
A queda na aprovação popular, no entanto, não se reflete nos índices de utilização do sistema, de acordo com o Datafolha. Em 97, 77% dos entrevistados disseram já ter usado os serviços. Hoje, o índice é um pouco maior -79%.
Atualmente, 28% dizem que o fazem sempre, contra 25% em 97. Nos dois casos a alteração é inexpressiva, já que a margem de erro é de três pontos percentuais.


A pesquisa Datafolha é um levantamento estatístico com sorteio aleatório dos entrevistados. Foram feitas 1.049 entrevistas.


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