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CLIMA
Em ano eleitoral, prefeita de São Paulo anuncia isenção do IPTU para quem teve a casa atingida pelas chuvas de verão
Vítimas de enchentes hostilizam Marta
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pouco depois de anunciar isenção do IPTU para as vítimas de
enchente, a prefeita Marta Suplicy
(PT) foi hostilizada ontem por
um grupo de moradores da região
do Aricanduva (zona leste de São
Paulo), uma das mais afetadas pelas últimas chuvas.
Quando Marta tentou discursar, moradores jogaram lama em
sua direção. Ela não foi atingida,
mas sim uma jornalista ao seu lado. Marta desistiu de falar e entrou no carro. Ao deixar o local,
auxiliada por homens da Guarda
Civil Metropolitana, teve o carro
esmurrado por moradores.
Mais tarde, Marta negou que tivesse sofrido hostilidade. "Não fui
recebida com lama, mas com desespero. Estou aqui para dar solidariedade." A visita ocorreu dois
dias depois de ela ter discutido
com uma moradora do Jardim
Jussara (zona oeste), área que
também foi afetada por chuvas na
última segunda-feira. O bate-boca foi transmitido pela TV.
Ontem, a prefeita visitou casas
na rua Ganges (travessa da av.
Aricanduva) que estavam alagadas e cheias de barro. Os moradores haviam perdido geladeiras, fogões e boa parte da mobília.
Na casa de Karina Aparecida
Firmo, 23, a prefeita pediu que
fosse providenciada uma marmita. "Pelo que vi aqui, não vai ter
como fazer comida", disse Marta.
Segundo Marta, os que tiveram
as casas alagadas, além da isenção
do pagamento do IPTU (Imposto
Predial e Territorial Urbano), receberão auxílio do SOS Cidade,
um plano emergencial para arrecadar de voluntários e empresários doações de roupas, colchões,
móveis e até eletrodomésticos.
Várias empresas anunciaram ontem mesmo adesão à campanha.
"Para quem perdeu fogão, geladeira, roupa, a prefeita acabou de
anunciar que está convocando todos os empresários. Nunca vocês
viram; a prefeita vem aqui e enfrenta o problema", disse o secretário Jilmar Tatto (Transportes),
do alto do carro, enquanto tentava acalmar a população. Muitos
moradores gritavam "você não
vai se reeleger" e "mentirosa".
A hostilidade enfrentada por
Marta foi justificada por Alexsandro Gomes da Silva 29. Desempregado e morador da rua Pataxó,
ele perdeu todos os móveis da casa. Para Silva, Marta não deveria
nem ter aparecido no bairro. "Ela
veio aqui no dia errado. O povo
está todo revoltado, queriam até
linchar a mulher. Veio aqui pra
quê, pra apanhar?"
Também moradora da rua Pataxó, a metalúrgica Juliana dos
Santos Belo de Almeida, 18, teve o
muro de sua casa derrubado. Para
ela, a prefeitura agiu errado. "Ela
vem aqui falando de cesta básica,
de colchonete, a gente não precisa
dessas coisas. Precisa de dignidade, de honra e de vontade de viver
de novo depois disso tudo."
À tarde, Marta afirmou que irá a
Brasília hoje, reunir-se com o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, para obter recursos para obras antienchentes.
A prefeitura atendeu em seis
dias 1.072 famílias atingidas pela
chuva, volume sete vezes maior
do que o registrado em janeiro e
fevereiro de 2003.
Colaborou o "Agora"
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