São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2004

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Medida recebe críticas e elogios

DA REPORTAGEM LOCAL

A isenção de IPTU para os atingidos pelas enchentes foi recebida com críticas, mas também por elogios por alguns dos moradores atingidos pelas chuvas que castigam a cidade há vários dias.
"Eu já sou isenta. Para mim isso não faz a menor diferença. Acho que a prefeitura devia ajudar nas coisas que eu perdi, de onde tiro o meu sustento", afirma a costureira Mirva Penha de Oliveira, 56.
Há dois meses, ela comprou uma máquina de costura industrial por R$ 1.000. Ontem, a máquina estava coberta por uma lama escura. A costureira, que ontem recebeu a visita da prefeita Marta Suplicy em sua casa, ainda não terminou nem de pagar as prestações.
"Para mim, também não muda nada, pois já sou isenta", afirma a funcionária pública Rosa Maria Soares, 51, pouco depois de ver um caminhão levar para o lixo vários móveis que perdeu quando sua casa foi alagada, apesar das duas comportas que havia colocado no portão. Segundo Soares, ela já tentou vender a casa, mas não apareceu ninguém interessado em comprá-la.
Para a dona-de-casa Ivone Pereira, 43, a isenção do IPTU não compensará as perdas causadas pela enchente. "Pago R$ 500 de IPTU. Ontem perdi computador, televisão, armário, cama. Acha que [a isenção] vai adiantar alguma coisa? Quero que me paguem uma indenização por tudo que perdi", afirma. Entre os prejuízos contabilizados por Ivone ainda estão a queda dos muros da frente e do quintal da casa.

"Lado bom"
Entretanto há pessoas que vêem uma grande ajuda na proposta da prefeitura. O salário da empregada doméstica Maria José da Silva Melo, 32, é de R$ 300. A cada mês, ela paga R$ 230 de aluguel e cerca de R$ 10 de IPTU. "Para pessoas como eu, que não tem nada, esses R$ 10 já são um dinheirão", diz.
A dentista que virou celebridade ao bater boca com a prefeita Marta Suplicy na última terça-feira também chegou a elogiar, pela manhã, a proposta de isenção do IPTU para os atingidos. "É ótimo. É isso que a gente quer. Vai ajudar muito", disse Simone Correa, que paga quase R$ 5.000 por ano pela casa onde funciona seu consultório, no Jardim Jussara (zona sul).
A prefeitura, porém, informou ontem que a isenção vale apenas para os imóveis residenciais.


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