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Medida recebe críticas e elogios
DA REPORTAGEM LOCAL
A isenção de IPTU para os atingidos pelas enchentes foi recebida
com críticas, mas também por
elogios por alguns dos moradores
atingidos pelas chuvas que castigam a cidade há vários dias.
"Eu já sou isenta. Para mim isso
não faz a menor diferença. Acho
que a prefeitura devia ajudar nas
coisas que eu perdi, de onde tiro o
meu sustento", afirma a costureira Mirva Penha de Oliveira, 56.
Há dois meses, ela comprou
uma máquina de costura industrial por R$ 1.000. Ontem, a máquina estava coberta por uma lama escura. A costureira, que ontem recebeu a visita da prefeita
Marta Suplicy em sua casa, ainda
não terminou nem de pagar as
prestações.
"Para mim, também não muda
nada, pois já sou isenta", afirma a
funcionária pública Rosa Maria
Soares, 51, pouco depois de ver
um caminhão levar para o lixo vários móveis que perdeu quando
sua casa foi alagada, apesar das
duas comportas que havia colocado no portão. Segundo Soares, ela
já tentou vender a casa, mas não
apareceu ninguém interessado
em comprá-la.
Para a dona-de-casa Ivone Pereira, 43, a isenção do IPTU não
compensará as perdas causadas
pela enchente. "Pago R$ 500 de
IPTU. Ontem perdi computador,
televisão, armário, cama. Acha
que [a isenção] vai adiantar alguma coisa? Quero que me paguem
uma indenização por tudo que
perdi", afirma. Entre os prejuízos
contabilizados por Ivone ainda
estão a queda dos muros da frente
e do quintal da casa.
"Lado bom"
Entretanto há pessoas que vêem
uma grande ajuda na proposta da
prefeitura. O salário da empregada doméstica Maria José da Silva
Melo, 32, é de R$ 300. A cada mês,
ela paga R$ 230 de aluguel e cerca
de R$ 10 de IPTU. "Para pessoas
como eu, que não tem nada, esses
R$ 10 já são um dinheirão", diz.
A dentista que virou celebridade ao bater boca com a prefeita
Marta Suplicy na última terça-feira também chegou a elogiar, pela
manhã, a proposta de isenção do
IPTU para os atingidos. "É ótimo.
É isso que a gente quer. Vai ajudar
muito", disse Simone Correa, que
paga quase R$ 5.000 por ano pela
casa onde funciona seu consultório, no Jardim Jussara (zona sul).
A prefeitura, porém, informou
ontem que a isenção vale apenas
para os imóveis residenciais.
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