São Paulo, quarta-feira, 06 de fevereiro de 2008

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Simão Guimarães, homem de vocação

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"O padre Simão tinha vocação". De sacerdote no claustro a professor, da escolinha do bairro à direção na faculdade, fez "de tudo um pouco" Simão Arruda Guimarães, 81 anos de vida.
Nasceu no agreste de Lagoa Seca (PB), quando sua aridez era ainda de Campina Grande. Seu irmão bateu pé, mas ele atendeu à mãe quando levado ao convento Ipuarana, para virar frade.
Ordenado em Salvador, foi pároco em Pernambuco, mas a mãe ficou doente e a igreja não quis transferi-lo. Largou a batina pela mãe. "Mas saiu com vocação", diz a viúva.
Quando a mãe morreu, tentou voltar ao convento, mas não foi aceito. A tristeza trouxe o primeiro de oito infartos e o médico decidiu: chega de igreja. Deu aulas de português e taquigrafia e foi diretor nas escolas da cidade. E casou-se, quem diria, tendo uma filha e um neto.
Já passava dos 50 anos de idade quando decidiu estudar e passou no vestibular para sociologia. Finda a faculdade, empertigou-se de novo e passou para direito. Advogou por quase dez anos.
Não foi jornalista, mas "as aulas de filosofia da comunicação o elegeram" coordenador da faculdade de comunicação social da Universidade Estadual da Paraíba. Aposentado, lia sem parar, enciclopédias e almanaques.
No ano passado, aos 80, decidiu cursar medicina -não para ser médico, pois levaria tempo, mas para voltar a estudar. A gota inchou-lhe os pés e ele não fez as provas. Esse ano as faria.
Morreu de infarto, no dia 29, em Campina Grande. Guardado, ficou um crucifixo com cordão de cintura. Do tempo do sacerdócio.


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