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Simão Guimarães, homem de vocação
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
"O padre Simão tinha vocação". De sacerdote no
claustro a professor, da escolinha do bairro à direção na
faculdade, fez "de tudo um
pouco" Simão Arruda Guimarães, 81 anos de vida.
Nasceu no agreste de Lagoa Seca (PB), quando sua
aridez era ainda de Campina
Grande. Seu irmão bateu pé,
mas ele atendeu à mãe quando levado ao convento Ipuarana, para virar frade.
Ordenado em Salvador, foi
pároco em Pernambuco, mas
a mãe ficou doente e a igreja
não quis transferi-lo. Largou
a batina pela mãe. "Mas saiu
com vocação", diz a viúva.
Quando a mãe morreu,
tentou voltar ao convento,
mas não foi aceito. A tristeza
trouxe o primeiro de oito infartos e o médico decidiu:
chega de igreja. Deu aulas de
português e taquigrafia e foi
diretor nas escolas da cidade.
E casou-se, quem diria, tendo uma filha e um neto.
Já passava dos 50 anos de
idade quando decidiu estudar e passou no vestibular
para sociologia. Finda a faculdade, empertigou-se de
novo e passou para direito.
Advogou por quase dez anos.
Não foi jornalista, mas "as
aulas de filosofia da comunicação o elegeram" coordenador da faculdade de comunicação social da Universidade
Estadual da Paraíba. Aposentado, lia sem parar, enciclopédias e almanaques.
No ano passado, aos 80,
decidiu cursar medicina
-não para ser médico, pois
levaria tempo, mas para voltar a estudar. A gota inchou-lhe os pés e ele não fez as provas. Esse ano as faria.
Morreu de infarto, no dia
29, em Campina Grande.
Guardado, ficou um crucifixo com cordão de cintura. Do
tempo do sacerdócio.
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