ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Recentemente, era irregular a frequência com que os textos de Cândido Norberto chegavam a Nilson Souza, editor de opinião do jornal gaúcho "Zero Hora". Os últimos foram mandados no começo do mês passado. "Ele escrevia sobre variedades, mas o mais significativo não foram os artigos dele, foram os programas de rádio. Ele fez fama como radialista e, nessa condição, foi eleito deputado", diz Souza, que classifica o amigo como "jornalista multimídia" -trabalhou em rádio, jornal e TV. Cândido foi deputado estadual por quatro vezes, tendo presidido a Assembleia Legislativa. Em 1966, acabou cassado pelo regime militar. "Ele foi um deputado socialista e adversário do [Leonel] Brizola. Curiosamente, foi chamado pelo presidente [João Baptista] Figueiredo [1979-1985] para ser um dos artífices da abertura política", diz. "Crítico", teve um programa diário chamado "Pensando em Voz Alta". Natural de Bagé (RS), mudou-se nos anos 40 para Porto Alegre, onde começou na profissão. Fez de tudo, dizia: foi narrador, locutor, repórter, redator e ator de radioteatro. Em 1971, criou o programa mais antigo da rádio gaúcha, o "Sala de Redação", que existe até hoje. Morreu domingo, aos 83, de falência dos órgãos. Lutava contra um câncer. Lauro, seu único filho, diz que não haverá missa. "Ele cobriu o enterro de dois papas, mas não gostava dessas coisas." obituario grupofolha.com.br


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