São Paulo, domingo, 06 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Nível de lençol baixa e ameaça prédio antigo

Fundação de madeira dos imóveis apodrece

VANESSA CORREA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"A casa rachou toda", lembra a secretária Márcia Regina Batista da Silva, moradora do Brooklin, zona sul de SP. Após chamar um engenheiro, soube que as estacas de madeira da fundação do imóvel estavam apodrecidas.
Precisou desembolsar cerca de R$ 30 mil na reforma.
O problema atinge edificações antigas devido a um fenômeno ainda pouco conhecido: o rebaixamento do lençol freático, ou seja, da água do subsolo.
O nível cai por causa dos poços, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
O rebaixamento faz com que as estacas de madeira das fundações de imóveis antigos, especialmente os construídos em áreas de várzea -como é o bairro de Pinheiros, na zona oeste da cidade- entrem em contato com o ar e sofram deterioração por fungos e bactérias.
Carlos Eduardo Warchavchik, neto do também arquiteto e ícone do modernismo paulistano, Gregori Warchavchik, encontrou o mesmo problema quando decidiu reformar um edifício construído pelo avô no centro. Teve que gastar R$ 50 mil na reforma das fundações.

BAIRROS
O engenheiro que fez a reforma, Ivo Faraggi, diz que atende casos como o de Carlos de duas a três vezes por ano.
"São casas das décadas de 40 e 50 que tiveram que ter as fundações de madeira substituídas nos últimos 20 anos. Em Pinheiros, ocorre da rua Estados Unidos à marginal", diz João Armando Lopes de Oliveira, de uma empresa especializada em fundações.
Nessa áreas, os especialistas apontaram uma queda de dois a três metros no nível.
Uma empresa de perfuração de poços ouvida pela Folha, a Jundsondas, aponta queda, entre o ano 2000 até hoje, de 50 metros nos bairros de Cerqueira César, Vila Maria e Vila Guilherme.
Outros bairros citados por profissionais consultados pela Folha foram Bom Retiro, Barra Funda e Pacaembu.

INDÍCIOS
O indício mais comum de que há problemas com fundações são as rachaduras, especialmente as diagonais, afirmam os engenheiros.
Segundo o professor Ricardo Hirata, pesquisador da USP na área de hidrogeologia, a queda dos níveis do lençol freático se devem à exploração de água do subsolo por fábricas e condomínios, principalmente através da perfuração de poços.
O relatório do Plano da Bacia do Alto Tietê, produzido pela USP, estima que há cerca de 8.000 poços em operação na bacia, explorando uma vazão de 11m3/s. Mais da metade deles é clandestina.
A conclusão do documento é que uma superexploração possa levar à perda do recurso: a água do subsolo.


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.