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SEGURANÇA
Grupo de elite da polícia de São Paulo foi responsável por rastrear ligações telefônicas entre integrantes do PCC
Resgate de presos é outra hipótese para ação
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A SOROCABA
Além da versão oficial de um
assalto a um avião pagador, a polícia paulista considera a hipótese
de que os mortos na Castello
Branco estivessem a caminho de
um resgate de presos do PCC.
"Nas falas, eles diziam avião, aeroporto, 8h da manhã etc. Mas as
conversas são sempre muito cifradas, e ainda não temos certeza
de que não há senhas entre essas
palavras", disse à Folha o comandante da Rota, coronel José Roberto Martins Marques.
Por essa hipótese, "avião" e "28
milhões" definiriam a forma do
resgate e o número de presos a libertar. A favor dessa suposição há
pelo menos três indícios: o uso de
um ônibus no comboio (que
transportaria mais facilmente os
resgatados); o fato de em Sorocaba estarem detidos alguns membros do alto escalão do PCC; e a
negativa do aeroporto de que fosse receber R$ 28 milhões ontem.
Os responsáveis pela escuta telefônica que levou à interceptação
do comboio são os homens do
Gradi (Grupo de Repressão e
Análise aos Delitos de Intolerância) -um núcleo de elite, ligado
ao gabinete do secretário da Segurança Pública, que reúne delegados da Polícia Civil e oficiais do
serviço reservado da PM.
O grupo foi criado no segundo
semestre de 2000 com a finalidade
de investigar crimes de preconceito, após a ocorrência de atentados
contra a Anistia Internacional.
Desde a megarrebelião de fevereiro de 2000, porém, ele também
monitora ações do PCC.
A partir desse motim, articulado por celular, pelo menos 40 centrais telefônicas da facção foram
desativadas. Hoje, 30 são monitoradas, mas outras dezenas funcionam sem identificação.
Foi por uma das 30 centrais ainda operantes -e rastreadas-
que se chegou ao comboio, após
dez dias de escuta. A base dos homens que fariam a ação na rua
-chamados de célula pelo
PCC- fica na zona leste, mas não
foi estourada ontem pela polícia.
Na semana passada, durante as
escutas, os PMs do Gradi chegaram a acionar a Rota e a Polícia
Rodoviária. A ação teria sido marcada, mas acabou sendo cancelada pelo PCC. Na ocasião, já se sabia que os assaltantes sairiam da
zona leste paulistana, e a polícia
chegou a fazer campana.
Na segunda-feira, então, a PM
descobriu a data e o horário da
aterrissagem do suposto avião
-ontem, às 8h. Conseguiu ainda
a descrição de alguns veículos e o
número de placas.
Não é a primeira vez que as escutas impedem crimes. Em 2001,
por exemplo, a partir de uma central em Campinas, descobriu-se
que um dos líderes do PCC, José
Márcio Felício, o Geleião, fugiria
do presídio de Piraquara (PR).
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