São Paulo, terça-feira, 06 de março de 2007

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Governo libera anticoncepcional genérico

Previsão é que o medicamento, que deverá custar de 35% a 50% menos que o de marca, comece a ser vendido no prazo de um ano

Indústrias fabricarão pílulas com diferentes dosagens hormonais e preços, como ocorre com as 65 marcas no mercado brasileiro

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou ontem a produção e a venda de anticoncepcionais e hormônios genéricos, até então restritas aos medicamentos de marca. A pílula genérica deve custar de 35% a 50% menos que a de marca -com preço médio de R$ 29,21.
A estimativa da Pró Genéricos, entidade que representa 90% das indústrias do setor, é a de que o anticoncepcional genérico esteja nas farmácias no prazo de um ano.
O mercado de contraceptivos é uma das principais classes da área farmacêutica brasileira e movimenta US$ 481 milhões por ano.
O remédio genérico, instituído por lei no Brasil em 1999, possui princípio ativo, características e ação terapêutica do produto de marca ou de referência.
Porém, é mais barato, porque os fabricantes não precisam investir em pesquisas nem em propaganda.

Negociações
As negociações para a aprovação da pílula genérica duraram quase três anos. Segundo Fernanda Simioni, gerente de medicamentos genéricos da Anvisa, ela não era permitida até então porque não havia tecnologia suficiente para garantir uma cópia fiel do produto de referência.
"A política de genéricos é relativamente nova no país e precisávamos de tempo para atestar a credibilidade desses medicamentos", afirma.
Para Odnir Finotti, vice-presidente da Pró Genéricos, as indústrias estão preparadas há muito tempo para fabricar anticoncepcionais, mas entendem que a demora da Anvisa na aprovação teve como preocupação a saúde pública.
"Essas pílulas são muito bem formuladas, com concentrações precisas de hormônios", diz ele.

Sem previsão
Finotti diz que as indústrias irão fabricar pílulas das mais diferentes dosagens hormonais e preços, assim como ocorre hoje com as 65 marcas existentes no mercado brasileiro. Não há previsão sobre quais tipos chegarão primeiro ao mercado.
De acordo com ele, a expectativa da Pró Genéricos é que, no prazo de um ano, as pílulas genéricas dominem 20% do mercado de anticoncepcionais no país. Nos EUA, os genéricos lideram as vendas de contraceptivos orais, respondendo por 57% de participação nesse mercado.
"A experiência brasileira com outras classes terapêuticas demonstra que a chegada dos genéricos tem impacto sobre o preço dos concorrentes de marca, que acaba sendo reduzido como estratégia de mercado", avalia Finotti.

Acesso
Na opinião da médica Fátima de Oliveira, da Rede Feminista de Saúde, a venda da pílula genérica vai ampliar o acesso aos métodos contraceptivos.
"Não temos recebido reclamações de que há falta de pílulas nos postos de saúde, mas sabemos que muitas mulheres não têm tempo de enfrentar as filas no SUS [Sistema Único de Saúde] e também não têm recursos para comprar pílulas. O anticoncepcional mais barato é uma notícia excelente", afirma Fátima.
A pílula é hoje o segundo método anticoncepcional mais utilizado pelas mulheres brasileiras, perdendo apenas para a laqueadura, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS). O levantamento, realizado em 1996, entrevistou mulheres entre 15 e 49 anos em todo o Brasil.


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