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Governo libera anticoncepcional genérico
Previsão é que o medicamento, que deverá custar de 35% a 50% menos que o de marca, comece a ser vendido no prazo de um ano
Indústrias fabricarão pílulas com diferentes dosagens hormonais e preços, como ocorre com as 65 marcas
no mercado brasileiro
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) autorizou ontem a produção e a venda de anticoncepcionais e hormônios genéricos, até então
restritas aos medicamentos de
marca. A pílula genérica deve
custar de 35% a 50% menos
que a de marca -com preço
médio de R$ 29,21.
A estimativa da Pró Genéricos, entidade que representa
90% das indústrias do setor, é a
de que o anticoncepcional genérico esteja nas farmácias no
prazo de um ano.
O mercado de contraceptivos
é uma das principais classes da
área farmacêutica brasileira e
movimenta US$ 481 milhões
por ano.
O remédio genérico, instituído por lei no Brasil em 1999,
possui princípio ativo, características e ação terapêutica do
produto de marca ou de referência.
Porém, é mais barato, porque
os fabricantes não precisam investir em pesquisas nem em
propaganda.
Negociações
As negociações para a aprovação da pílula genérica duraram quase três anos. Segundo
Fernanda Simioni, gerente de
medicamentos genéricos da
Anvisa, ela não era permitida
até então porque não havia tecnologia suficiente para garantir
uma cópia fiel do produto de
referência.
"A política de genéricos é relativamente nova no país e precisávamos de tempo para atestar a credibilidade desses medicamentos", afirma.
Para Odnir Finotti, vice-presidente da Pró Genéricos, as indústrias estão preparadas há
muito tempo para fabricar anticoncepcionais, mas entendem que a demora da Anvisa na
aprovação teve como preocupação a saúde pública.
"Essas pílulas são muito bem
formuladas, com concentrações precisas de hormônios",
diz ele.
Sem previsão
Finotti diz que as indústrias
irão fabricar pílulas das mais
diferentes dosagens hormonais
e preços, assim como ocorre
hoje com as 65 marcas existentes no mercado brasileiro. Não
há previsão sobre quais tipos
chegarão primeiro ao mercado.
De acordo com ele, a expectativa da Pró Genéricos é que, no
prazo de um ano, as pílulas genéricas dominem 20% do mercado de anticoncepcionais no
país. Nos EUA, os genéricos
lideram as vendas de contraceptivos orais, respondendo
por 57% de participação nesse
mercado.
"A experiência brasileira
com outras classes terapêuticas demonstra que a chegada
dos genéricos tem impacto sobre o preço dos concorrentes
de marca, que acaba sendo reduzido como estratégia de mercado", avalia Finotti.
Acesso
Na opinião da médica Fátima
de Oliveira, da Rede Feminista
de Saúde, a venda da pílula genérica vai ampliar o acesso aos
métodos contraceptivos.
"Não temos recebido reclamações de que há falta de pílulas nos postos de saúde, mas sabemos que muitas mulheres
não têm tempo de enfrentar as
filas no SUS [Sistema Único de
Saúde] e também não têm recursos para comprar pílulas. O
anticoncepcional mais barato é
uma notícia excelente", afirma
Fátima.
A pílula é hoje o segundo método anticoncepcional mais
utilizado pelas mulheres brasileiras, perdendo apenas para a
laqueadura, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de
Demografia e Saúde (PNDS).
O levantamento, realizado em
1996, entrevistou mulheres entre 15 e 49 anos em todo o
Brasil.
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