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Mestre-de-obras diz que Domingues sabia de problemas
da Sucursal do Rio
O mestre-de-obras do edifício
Palace 2, Almir Maia Machado,
disse ontem após depoimento na
16ª DP (Delegacia de Polícia) ter
estranhado os problemas de infiltração e vazamentos apresentados
pela construção.
De acordo com Machado, 60,
não é comum um prédio novo
apresentar tantos defeitos.
"Nunca trabalhei em uma obra
com tantos problemas. Eu tenho
mais de 20 anos de experiência em
obras de edifícios", afirmou Machado, que apontou o diretor técnico da Sersan, Sérgio Murilo Domingues, como o engenheiro a
quem se dirigia para relatar os
problemas do prédio.
De acordo com o depoimento do
mestre-de-obras ao delegado Carlos Alberto Nunes Pinto, Domingues, apesar de avisado dos problemas, não visitava a obra.
Machado disse que Domingues
autorizava os reparos sem checar a
gravidade dos problemas relatados por ele.
O mestre-de-obras trabalhava
no Palace 2 desde meados de 1994,
quando a parte de alvenaria do
prédio já estava erguida.
No depoimento, Machado disse
que participou apenas dos serviços de acabamento dos apartamentos, como a colocação de placas de mármore, pisos e pinturas.
"Eu não peguei a época do concreto, por isso não posso dizer se
foi usado material ruim.
Havia muito vazamento entre os
tijolos. Os moradores reclamavam, a gente consertava. Consertamos até um pilar no Palace 1,
que estava defeituoso", disse Machado.
No início do depoimento, ele
disse ao delegado que quem comandava os trabalhos no Palace 2,
de Brasília, era o deputado Sérgio
Naya (sem partido).
O delegado quis saber se ele falava diretamente com Naya. Machado negou. Segundo ele, todos os
problemas eram comunicados a
Domingues, no escritório da Sersan.
Na terça-feira, em depoimento
na delegacia, Domingues negou
envolvimento com a obra do Palace 2. Ele disse que apenas participou da venda dos apartamentos.
Anteontem, Sérgio Naya disse
na televisão que Domingues era o
engenheiro responsável pela obra.
O advogado de Domingues, Ivan
Vasques, disse que seu cliente não
se envolveu no projeto e na execução da obra. Segundo ele, por causa de problemas de pressão, o engenheiro descansa no litoral do
Estado do Rio.
Investigação
O depoimento de Machado reforçou mais ainda a suspeita do
delegado de que Domingues participou ativamente da construção
do Palace 2.
"Não tenho mais a menor dúvida disso", disse Pinto, que já decidiu indiciar o engenheiro no inquérito que apura a tragédia.
O delegado pretende descobrir
agora quem era o mestre-de-obras
na época da construção do prédio.
"Preciso saber o que ocorreu na
origem dessa obra (em 1989).
Quem trabalhava e qual foi o material usado", disse.
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