São Paulo, sexta, 6 de março de 1998

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Polícia diz que tomou todas as providências

da Reportagem Local

A diretoria do Depatri (Departamento de Investigações Sobre Crimes Contra o Patrimônio) informou que todas as providências no caso da morte do preso Otávio dos Santos Filho, 28, foram tomadas no inquérito que apura o fato.
De acordo com a direção do órgão, as corregedorias da Polícia Civil e do Departamento Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça foram informadas sobre o caso e todos os exames periciais foram requisitados.
No dia em que o detento teria sido espancado, os policiais de plantão do Depatri registraram um boletim de ocorrência afirmando que Santos Filho se feriu batendo a cabeça na torneira do corredor das celas.
"Quando ele morreu, nos disseram que ele havia tomado Gardenal com bebida", disse uma familiar do preso, que não quis ser identificada. Exames do Instituto Médico Legal constataram que o detento não havia consumido nenhuma bebida alcoólica ou tomado drogas antes de morrer.
De acordo com a direção do Depatri, no registro da morte de Santos Filho os policiais fizeram constar a existência das lesões no rosto e nos braços, o que atestaria que ninguém quis esconder as circunstância do caso.
Além disso, as idas do preso ao pronto-socorro de Santana foram registradas em relatórios feitos pelas equipes de plantão.

Prisão
Santos Filho estava condenado a cinco anos e quatro meses de prisão por participação num roubo de uma Kombi carregada de cigarros. O crime ocorreu em 1991, e ele foi condenado à revelia em 1992.
No ano passado, ele foi detido por policiais do Depatri em uma blitz. Eles descobriram que Santos Filho estava condenado e o colocaram no presídio.
Santos Filho trabalharia vendendo pó de café na zona oeste de São Paulo. Ele era casado e tinha dois filhos. Antes de enterrá-lo, a família filmou e fotografou seu corpo para mostrar as marcas das lesões.
Além desse caso, a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa também está apurando o espancamento de 107 presos após uma rebelião ocorrida em fevereiro no presídio do Depatri. (MG)


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