|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ciúme marcava relação de pai e madrasta de Isabella
Parentes da mãe da menina dizem que Alexandre era um pai dedicado e afetuoso e que estão chocados com a morte de garota de 5 anos
Colegas de faculdade contam que casal tem um longo histórico de idas e vindas
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi o vestibular de direito,
mais precisamente o das Faculdades Integradas de Guarulhos
(na Grande São Paulo), que
cruzou as vidas de Alexandre
Alves Nardoni, 29, e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá,
24. O ano era o de 2002, e o casal se matriculava no primeiro
semestre acadêmico, ela pela
manhã, ele à noite.
Em abril daquele ano, a menina Isabella, morta no último
dia 29 de março, nascia de um
romance adolescente de três
anos entre Alexandre e Ana Carolina Oliveira, que à época tinha 17. A relação surgiu à revelia dos pais dela.
Segundo afirmam vizinhos e
familiares, Alexandre não quis
oficializar o relacionamento
após a gravidez. Nunca se casou
com a primeira Ana Carolina,
tampouco viveu junto com ela.
Mas o nascimento da criança
concretizou a relação paternal.
Embora não tivesse autonomia financeira para sustentar
Isabella -o pai, o advogado tributarista Antônio Nardoni, pagava a pensão de R$ 250 a Isabella e foi quem comprou dois
apartamentos de R$ 250 mil no
edifício onde a menina morreu,
na Vila Mazzei-, Alexandre era
um pai dedicado e afetuoso, segundo diziam parentes da mãe
da menina na missa de sétimo
dia, na sexta passada.
"Ainda não acreditamos. Estamos tão chocados quanto a
opinião pública. Ele era um pai
maravilhoso", afirmou Carolina, uma prima da mãe.
Presos preventivamente desde quinta-feira, Alexandre e
Anna Carolina dizem estar sendo injustamente acusados da
morte de Isabella e afirmam
que "a verdade prevalecerá".
Colegas de faculdade de Alexandre e Anna Carolina Jatobá,
a madrasta, dizem que o casal
tem um longo histórico de idas
e vindas em seu relacionamento, marcado por ciúmes da nova
mulher em relação à mãe de
Isabella e à própria menina, o
que é confirmado por parentes
e vizinhos da rua Paulo César,
onde o casal morava antes de se
mudar para o apartamento novo na rua Santa Leocádia, cena
do crime.
Mais uma vez segundo vizinhos, Alexandre e Ana Carolina, a mãe, já não tinham mais
nada quando surgiu o romance
com Anna Carolina, a madrasta. Ela teria engravidado logo
no início da relação por supostamente sentir que a atenção
do marido era dividida com Isabella, a menina.
"Quando viajavam, Anna Carolina, a Jatobá, não queria que
Isabella ligasse para a mãe",
conta a vendedora Kassy Navarro, vizinha de casa e que
também trabalha num comércio que fica ao lado da loja de
um dos avós da menina, até a
última sexta fechada por luto.
Segundo moradores da rua
onde vive Antônio, pai de Alexandre, a família é reservada,
mas quando Alexandre os visitava com a menina, os avós a recebiam no portão, com alegria.
Já na casa da mãe de Isabella,
Nardoni não costumava entrar.
Em dias de visita, aguardava no
carro enquanto a atual Anna
Carolina pegava a menina.
Segundo vizinhos do antigo
prédio, o casal era conhecido
por brigas no apartamento onde moravam até 2007.
Alexandre formou-se em direito em 2006, depois dos cinco
anos regulares do curso. Na
OAB, ainda tem registro de estagiário, cuja anuidade de
R$ 227,85 parcelou em nove
vezes no ano passado. No último dia 9 de janeiro, renovou a
licença, mas desta vez pagou à
vista. Nunca prestou exame para advogado da Ordem.
Já Anna Carolina, a madrasta, abandonou o curso de direito ao fim do segundo ano, em
2004. No ano seguinte foi considerada desistente e perdeu o
vínculo com a faculdade. Voltou a prestar vestibular neste
ano, passou, mas, como não fez
a matrícula, perdeu a vaga.
"[Alexandre] Foi um aluno
normal, era assíduo, não faltava
às aulas, cumpria as tarefas, interagia com todos. Mas não era
de muitas palavras", diz a professora de direito financeiro e
tributário Ossanna Chememian Tolmajian.
Segundo conta uma colega,
ele se destacava na classe. Além
de ser extremamente sociável e
cortês, tinha uma condição de
vida melhor que a do restante
da turma.
Durante os anos de direito,
Alexandre trabalhou no escritório do pai, advogado tributarista formado em 1993 na mesma faculdade. Anna Carolina
Jatobá, diz a mesma colega,
também tinha um bom padrão
de vida. "Soube que eles terminaram e voltaram várias vezes",
diz a aluna que pede para não
ter o nome revelado.
Num dos últimos eventos
promovidos pela turma da universidade, um churrasco antes
da formatura, no ano de 2006,
Alexandre teve de sair às pressas por conta do suposto ciúme
de Anna, que teria ameaçado
"dar um barraco" na frente de
todos se não fossem embora,
conta a mesma colega.
Texto Anterior: Milton Domingos: Ou Carlitos, Charles Chaplin de Jundiaí Próximo Texto: Depoimento: A sociedade do espetáculo Índice
|