São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009

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entrevista

Formação falha faz aluno desistir, diz pesquisadora

DA REPORTAGEM LOCAL

Por conta da fraca formação no ensino básico na área de exatas, os alunos de graduações como computação ou matemática encontram "uma linguagem totalmente inacessível" na universidade, diz a pesquisadora da USP Elizabeth Balbachevsky. Por isso, tendem a desistir.
Abaixo, a entrevista da professora, membro do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da universidade. (FT)

 

FOLHA - O que explica a diferença das taxas de evasão entre os cursos?
ELIZABETH BALBACHEVSKY -
Uma explicação possível é o mercado de trabalho. Matemática e hotelaria, por exemplo, têm baixa inserção. Os estudantes tendem a desistir do curso. Na área de computação, o mercado é muito dinâmico. O aluno sente que o que ele está aprendendo na faculdade já está defasado. Há atraso inclusive nos equipamentos. E ele vê que pode arrumar emprego sem a necessidade de um diploma.

FOLHA - Qual o peso do ensino deficitário de exatas no ensino básico?
BALBACHEVSKY -
Os problemas na formação básica diminuem a possibilidade do sucesso no ensino superior, porque o aluno chega sem base. O problema se agrava nas universidades públicas, onde o curso é mais puxado e os professores estão menos propensos a adequar a aula. Fica uma linguagem inacessível para ele. As particulares se moldam mais. Essa dificuldade no ensino básico prejudica já na escolha do curso. O candidato se sente incapaz de fazer um curso como física ou computação, ainda que haja mercado de trabalho. Depois, dos poucos que escolheram a área, muitos tendem a abandonar o setor, carente de profissionais.


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