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foco
Dívidas e decadência ameaçam três marcos do comércio cultural carioca
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
Salas de cinema cheirando
a mofo, livraria com vazios
nas estantes e uma loja de discos ameaçada de fechar. O
circuito Estação, a Letras &
Expressões e a Modern
Sound, três marcos do comércio cultural carioca, vivem problemas financeiros
que embaçam o brilho de outrora, quando viviam apinhados de artistas e intelectuais.
Loja de discos inaugurada
em 1966 em Copacabana (zona sul), famosa pelos títulos
importados, a Modern Sound
já teve clientes ilustres como
o escritor Fernando Sabino e
o jornalista Paulo Francis.
Desde 2006, no entanto,
perdeu terreno para a internet, e o faturamento caiu
40%. Hoje, acumula dívidas
de R$ 3,3 milhões, o que a levou a propor um acordo judicial com os credores -até o
momento, nenhum se opôs. A
ideia é fazer mudanças, como
ampliar o horário de funcionamento e aprimorar o site.
Graças à localização, no Leblon (zona sul), e ao funcionamento 24 horas, a livraria
Letras & Expressões sempre
foi muito frequentada por artistas. Agora, por problemas
financeiros, reduziu a diversidade de títulos. "Várias editoras já não distribuem seus livros à Letras & Expressões,
por falta de pagamento", conta Sonia Jardim, presidente
do Snel (Sindicato Nacional
dos Editores de Livros). Os
donos da livraria não quiseram falar com a Folha.
A rede de cinemas Estação,
hoje com 19 salas, que começou em 1985 e se tornou referência em filmes de arte,
também mudou. "Tem cheiro
de mofo e poltronas quebradas", disse a analista de sistemas Ruth Hermoso, 34, ao
sair da Estação Botafogo. A
rede admite problemas isolados e disse que há um projeto
de reforma das salas.
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