São Paulo, quarta-feira, 06 de abril de 2011

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ERNESTA TRINDADE DE SOUZA (1940-2011)

A professora e a coleção de revistas

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Nas voltas das feiras que Ernesta Trindade de Souza fazia na cidade pernambucana de Serra Talhada, ela sempre trazia consigo um mundaréu de revistas. Ao longo da vida, entupiu a casa de publicações como "Manchete", "Cruzeiro" e "Realidade".
Além do interesse pessoal pela leitura, tia Nesta, como era chamada em família, levava o material para a escola. Ela foi professora primária na escola-capela da Fazenda Jericó, onde nascera, na zona rural de Serra Talhada.
Era professora 24 horas, lembra a família, tão comprometida que nunca tirou as licenças-prêmio a que tinha direito, pois temia que as crianças ficassem sem aula.
Após se aposentar, nos anos 90, decidiu, já formada em história e com pós-graduação, lecionar na cidade, numa faculdade particular.
Nos últimos anos, fez o que mais gostava: viajar. Conheceu de Disney a Jerusalém, passando por países da Europa e da América do Sul.
Vaidosa e sempre de salto alto, Ernesta era muito religiosa e adorada pelos padres. Ajudava a organizar festas locais, como a de São João, e não perdia as romarias em Juazeiro do Norte (CE).
Também ia às festas em Exu (PE), terra de Luiz Gonzaga, de quem era fã e com quem tinha até um retrato.
Décima de 12 irmãos, não se casou nem teve filhos. Os sobrinhos, porém, foram mais de 50. Ultimamente, quando teve de se tratar em Recife, eles faziam revezamento para acompanhá-la.
Em outubro último, ela descobriu um câncer. Morreu na sexta, aos 70. Deixou tantas revistas em casa que algumas não teve tempo de abrir.

coluna.obituario@uol.com.br


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