São Paulo, sábado, 06 de maio de 2000


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CONSUMO
Decisão da Justiça foi tomada na quinta-feira; as lojas da rede, que existe há 16 anos, foram lacradas
Decretada a quebra da Show de Cozinhas

EUNICE NUNES
especial para a Folha

MARIANA VIVEIROS
da Reportagem Local

O juiz da 29ª Vara Cível de São Paulo, Núncio Theóphilo Neto, decretou anteontem a falência da Show de Cozinhas, uma rede de sete lojas na Grande São Paulo, há 16 anos no mercado. Ontem, todos os estabelecimentos foram lacrados por determinação judicial.
A falência foi pedida pela Natives Informática Ltda., à qual a empresa devia R$ 1.520. Na última terça-feira -dia em que o então representante da empresa prometeu reabrir as lojas, fechadas há cerca de um mês-, a Show de Cozinhas declarou incapacidade de pagar e confessou a falência.
Os donos da empresa, Leo e Rosely Kauffman, estão em local desconhecido. No edifício onde moram, o porteiro informa que viajaram no dia 14 de abril e que não sabe quando voltarão.
A loja deixa centenas de consumidores prejudicados -que pagaram e não receberam-, para os quais não há muitas esperanças. Eles têm de se habilitar no processo de falência para entrar na lista de credores a serem ressarcidos. Esse procedimento só pode ser feito por um advogado.
O ressarcimento segue uma ordem de preferência dos credores. Os créditos trabalhistas são os primeiros a serem satisfeitos. Em segundo lugar, ficam os tributários.
Depois entram os credores com garantias reais (como por exemplo um banco, que fez empréstimo à empresa mediante hipoteca ou penhor). Por último ficam os créditos quirografários (aqueles que não têm privilégio nem preferência), nos quais estão incluídos os consumidores.

Situação da empresa
Os funcionários da Show de Cozinhas dizem não receber salários desde dezembro, embora o ex-advogado da empresa Maurício Ejchel tenha afirmado que o atraso começou em fevereiro.
Há 217 ações trabalhistas em primeira instância contra a empresa e 12 processos no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Na Justiça Estadual, existem 98 processos contra a empresa. Nos Juizados Especiais, movidos por consumidores, são 87. Há ainda quatro ações de reintegração de posse propostas pela GM Leasing (provavelmente de veículos arrendados), cinco despejos por falta de pagamento, uma execução de dívida do Banco Sudameris e um pedido de falência.
O 9º Distrito Policial, no Carandiru (zona norte de SP), já registra mais de cem boletins de ocorrência. A polícia até ontem não havia conseguido localizar os donos da Show de Cozinhas.
Em 31 de dezembro do ano passado, o balanço da empresa registrava dívida de R$ 4 milhões, relativa a empréstimos com bancos e empresas de factoring (que adiantam pagamentos de títulos mediante comissão).
Com fornecedores, a dívida somava R$ 7,8 milhões. Desse total, R$ 1,6 milhão e R$ 1,5 milhão eram débitos com as fábricas gaúchas Dellano e Todeschinni.
Desde outubro do ano passado, a Dellano passou a vender apenas à vista, alegando que a Show de Cozinhas atrasava os pagamentos. As remessas de mercadoria pararam há três meses.
O advogado que cuida da falência da empresa, José Basano Netto, não soube informar o total do passivo da Show de Cozinhas.


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