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CONSUMO
Decisão da Justiça foi tomada na quinta-feira; as lojas da rede, que existe há 16 anos, foram lacradas
Decretada a quebra da Show de Cozinhas
EUNICE NUNES
especial para a Folha
MARIANA VIVEIROS
da Reportagem Local
O juiz da 29ª Vara Cível de São
Paulo, Núncio Theóphilo Neto,
decretou anteontem a falência da
Show de Cozinhas, uma rede de
sete lojas na Grande São Paulo, há
16 anos no mercado. Ontem, todos os estabelecimentos foram lacrados por determinação judicial.
A falência foi pedida pela Natives Informática Ltda., à qual a
empresa devia R$ 1.520. Na última terça-feira -dia em que o então representante da empresa
prometeu reabrir as lojas, fechadas há cerca de um mês-, a Show
de Cozinhas declarou incapacidade de pagar e confessou a falência.
Os donos da empresa, Leo e Rosely Kauffman, estão em local
desconhecido. No edifício onde
moram, o porteiro informa que
viajaram no dia 14 de abril e que
não sabe quando voltarão.
A loja deixa centenas de consumidores prejudicados -que pagaram e não receberam-, para
os quais não há muitas esperanças. Eles têm de se habilitar no
processo de falência para entrar
na lista de credores a serem ressarcidos. Esse procedimento só
pode ser feito por um advogado.
O ressarcimento segue uma ordem de preferência dos credores.
Os créditos trabalhistas são os primeiros a serem satisfeitos. Em segundo lugar, ficam os tributários.
Depois entram os credores com
garantias reais (como por exemplo um banco, que fez empréstimo à empresa mediante hipoteca
ou penhor). Por último ficam os
créditos quirografários (aqueles
que não têm privilégio nem preferência), nos quais estão incluídos
os consumidores.
Situação da empresa
Os funcionários da Show de Cozinhas dizem não receber salários
desde dezembro, embora o ex-advogado da empresa Maurício Ejchel tenha afirmado que o atraso
começou em fevereiro.
Há 217 ações trabalhistas em
primeira instância contra a empresa e 12 processos no Tribunal
Regional do Trabalho (TRT).
Na Justiça Estadual, existem 98
processos contra a empresa. Nos
Juizados Especiais, movidos por
consumidores, são 87. Há ainda
quatro ações de reintegração de
posse propostas pela GM Leasing
(provavelmente de veículos arrendados), cinco despejos por falta de pagamento, uma execução
de dívida do Banco Sudameris e
um pedido de falência.
O 9º Distrito Policial, no Carandiru (zona norte de SP), já registra
mais de cem boletins de ocorrência. A polícia até ontem não havia
conseguido localizar os donos da
Show de Cozinhas.
Em 31 de dezembro do ano passado, o balanço da empresa registrava dívida de R$ 4 milhões, relativa a empréstimos com bancos e
empresas de factoring (que adiantam pagamentos de títulos mediante comissão).
Com fornecedores, a dívida somava R$ 7,8 milhões. Desse total,
R$ 1,6 milhão e R$ 1,5 milhão
eram débitos com as fábricas gaúchas Dellano e Todeschinni.
Desde outubro do ano passado,
a Dellano passou a vender apenas
à vista, alegando que a Show de
Cozinhas atrasava os pagamentos. As remessas de mercadoria
pararam há três meses.
O advogado que cuida da falência da empresa, José Basano Netto, não soube informar o total do
passivo da Show de Cozinhas.
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