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PROFISSÃO PERIGO
Pesquisa entre profissionais da rede pública de saúde revela que 40% já foram vítimas de agressão
Médico e professor vivem rotina de violência
DO "AGORA"
Para trabalhar, médicos e professores enfrentam o risco de
morte e agressões verbais e físicas
de pacientes e alunos sem nenhum respaldo do poder público.
Segundo pesquisa do sindicato
dos médicos, 40% dos profissionais da rede pública já foram vítimas de algum tipo de violência.
Na sala de aula, a situação é parecida e, assim como os médicos, os
professores são obrigados a
aprender a lidar com as adversidades para continuar no cargo.
É o caso da professora Geni Gomes Haiden, que foi agredida com
socos e pontapés dentro da sala de
aula no último dia 30 de março.
Ela ainda foi ameaçada de morte por dois jovens que invadiram
a sala de aula e não admitiram ser
expulsos do local. Após 30 dias de
licença, ela será obrigada a retornar para a escola estadual Tenente
Ariston de Oliveira, no Jardim das
Rosas (zona sul), uma das regiões
mais violentas da cidade.
A professora conta que não recebeu do Estado nenhum tipo de
assistência psicológica para retomar o cargo. "Tenho medo de voltar e encontrar a mesma situação.
Infelizmente não tenho condições
financeiras para abandonar o trabalho. Se tivesse, jamais voltaria."
Geni e outras quatro professoras da rede estadual entraram em
abril com ação judicial contra o
Estado, após terem sido vítimas
de violência na escola.
Para a advogada da Apeoesp
(sindicato dos professores estaduais), Paula Gianoni Luchesi, esse afastamento deveria ser justificado por acidente de trabalho e
não licença psiquiátrica, como
tem ocorrido.
"Quem pega o atestado pode
entender até que as professoras
têm problemas psicológicos, o
que não é verdade. Elas foram vítimas de um acidente de trabalho
e precisam se recuperar do susto
para voltar às atividades normais", afirma a advogada.
Os médicos que trabalham em
pronto-socorro de hospitais públicos são os que mais sofrem
com ameaças e agressões. A demora no atendimento e a falta de
estrutura são os principais motivos da agressão contra os profissionais da saúde.
Há ainda casos em que os médicos lidam com pacientes perigosos. O cirurgião Marcos Antônio
Morgado lembra de quando atendia um preso baleado e foi surpreendido por um grupo que o
resgatou do hospital Tatuapé.
"Estou aqui há 20 anos e já vi
muita coisa. A gente precisa relevar, esconder paciente, chamar a
polícia. Mas gosto do que faço."
(RITA MAGALHÃES e MARIANA CARVALHO)
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