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DROGAS
Rede atende hoje 68 profissionais
Serviço ajuda médicos a tratar dependência
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes eles viviam "escondidos",
perdiam empregos ou tinham
seus registros profissionais cassados. Agora, estão sendo tratados.
São os médicos dependentes de
álcool e droga que passaram a
contar com uma rede de ajuda
criada pela Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp) e o Conselho Regional de Medicina de São
Paulo (Cremesp).
A Rede Estadual de Apoio a Médicos Dependentes, como é chamada, completa um ano hoje. Um
total de 94 médicos ou familiares
entraram em contato com a rede e
68 profissionais estão em tratamento, 61 por dependência de álcool e drogas e 7 por diferentes
problemas mentais.
"O resultado é tão positivo que a
experiência está sendo repassada
a conselhos regionais de outros
Estados", diz Regina Parisi, presidente do Cremesp.
"Aos poucos vem aumentando
a confiança por parte dos médicos e dos familiares", diz o psiquiatra Hamer Nastasy Palhares Alves, da Unidade de Álcool e Drogas (Uniad) da Unifesp, e
coordenador da rede junto com o médico Ronaldo Laranjeira.
Alves é quem atende o celular (0/xx/11/9616-8926) e faz o primeiro contato com médicos dependentes ou familiares. "Em menos de 36 horas é agendada uma
consulta e, quando necessário, o caso é repassado a um dos 20 profissionais que formam a rede." O número pode parecer pequeno, já que São Paulo tem cerca de
100 mil médicos e estudos nacionais indicam que cerca de 10% da
população têm algum grau de dependência do álcool.
Para Alves, o fato de trazer a
questão a público pode levar médicos dependentes a procurar
ajuda também em outros serviços. "Ainda predomina a cultura
de só buscar auxílio quando a dependência é grave e, mesmo nesses casos, a iniciativa parte de familiares ou colegas. Precisamos
atingir um número maior de casos moderados e leves, quando o
tratamento dá melhor resultado."
Regina Parisi diz que a preocupação é não isolar o médico dependente, mas oferecer ajuda e um posto de trabalho que permita
a ele se manter em atividade.
"Afastar o profissional vai afastá-lo ainda mais do tratamento e o
problema se agravará. O propósito da rede é de ajudar, não punir."
A idéia da parceria Uniad-Cremesp surgiu a partir de entrevistas com 206 médicos dependentes de álcool ou drogas. O estudo mostrou que 84,5% deles já tinham tido problema na profissão e 62% já tinham sido internados.
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