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São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

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DROGAS

Rede atende hoje 68 profissionais

Serviço ajuda médicos a tratar dependência

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes eles viviam "escondidos", perdiam empregos ou tinham seus registros profissionais cassados. Agora, estão sendo tratados.
São os médicos dependentes de álcool e droga que passaram a contar com uma rede de ajuda criada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp).
A Rede Estadual de Apoio a Médicos Dependentes, como é chamada, completa um ano hoje. Um total de 94 médicos ou familiares entraram em contato com a rede e 68 profissionais estão em tratamento, 61 por dependência de álcool e drogas e 7 por diferentes problemas mentais.
"O resultado é tão positivo que a experiência está sendo repassada a conselhos regionais de outros Estados", diz Regina Parisi, presidente do Cremesp.
"Aos poucos vem aumentando a confiança por parte dos médicos e dos familiares", diz o psiquiatra Hamer Nastasy Palhares Alves, da Unidade de Álcool e Drogas (Uniad) da Unifesp, e coordenador da rede junto com o médico Ronaldo Laranjeira.
Alves é quem atende o celular (0/xx/11/9616-8926) e faz o primeiro contato com médicos dependentes ou familiares. "Em menos de 36 horas é agendada uma consulta e, quando necessário, o caso é repassado a um dos 20 profissionais que formam a rede."
O número pode parecer pequeno, já que São Paulo tem cerca de 100 mil médicos e estudos nacionais indicam que cerca de 10% da população têm algum grau de dependência do álcool.
Para Alves, o fato de trazer a questão a público pode levar médicos dependentes a procurar ajuda também em outros serviços. "Ainda predomina a cultura de só buscar auxílio quando a dependência é grave e, mesmo nesses casos, a iniciativa parte de familiares ou colegas. Precisamos atingir um número maior de casos moderados e leves, quando o tratamento dá melhor resultado."
Regina Parisi diz que a preocupação é não isolar o médico dependente, mas oferecer ajuda e um posto de trabalho que permita a ele se manter em atividade. "Afastar o profissional vai afastá-lo ainda mais do tratamento e o problema se agravará. O propósito da rede é de ajudar, não punir."
A idéia da parceria Uniad-Cremesp surgiu a partir de entrevistas com 206 médicos dependentes de álcool ou drogas. O estudo mostrou que 84,5% deles já tinham tido problema na profissão e 62% já tinham sido internados.


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