DA REPORTAGEM LOCAL

Oposição acirrada à administração petista de Marta Suplicy na cidade de São Paulo, o PSDB conseguiu ontem 19 assinaturas de vereadores para abrir na Câmara Municipal uma CPI para investigar irregularidades na licitação para a coleta de lixo na cidade.
O resultado da concorrência foi antecipado por documento registrado em cartório e divulgado pela Folha na semana passada, três dias depois de a prefeitura ter anunciado os vencedores.
Os tucanos conseguiram protocolar o pedido da CPI, mas é pouco provável que a comissão seja instalada. O bloco de apoio à prefeita tem maioria folgada na Casa, tendo somado no passado votos de mais de 40 dos 55 vereadores.
Para que seja instalada, são necessários 28 votos para dar preferência a essa comissão, já que há mais de 90 pedidos de CPIs na fila da Câmara paulistana.
"Esse é um caso relevante e precisa ser investigado. É a maior licitação pública do país, envolvendo mais de R$ 10 bilhões", defende o tucano Ricardo Montoro, autor do pedido de CPI.
O vereador petista João Antônio, líder de Marta na Câmara, diz que a CPI não se faz necessária "porque o processo licitatório transcorreu dentro da legalidade" e rebate as acusações tucanas de que o PT tenta dificultar a investigação do lixo.
"Quem tem medo de CPI é o PSDB, que vetou os mais de 40 pedidos protocolados na Assembléia Legislativa. Não vamos permitir que o PSDB utilize a Câmara Municipal como palanque eleitoral", afirma o líder da prefeita.
Além dos oito tucanos, assinaram a CPI 2 vereadores do PP (partido de Paulo Maluf), 2 do PSB, 2 do PL (partido do vice-presidente José Alencar), 2 do PTB, 1 do PDT, 1 do PRONA e 1 do PFL.
Vereadores petistas minimizam a importância do apoio recebido ontem pelo PSDB. Acreditam que, pressionados com a retirada de cargos que usufruem na administração municipal, ao menos 5 dos 19 vereadores que assinaram retirariam seus nomes.
O próprio Ricardo Montoro sabe das dificuldades em aprovar uma CPI contra a administração Marta numa Câmara dominada pela prefeita. "Vencemos uma etapa. Agora precisamos juntar esforços para conseguir mais nove votos e instalar a comissão investigativa", afirma.
Nos bastidores, tucanos dizem acreditar num possível apoio do PMDB à CPI, cuja direção nacional anda às turras com o governo federal. Em São Paulo, no entanto, o partido é aliado de Marta Suplicy e já articula acordos para o ano que vem, caso a petista seja reeleita. (FABIO SCHIVARTCHE)


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