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SOBRE RODAS
Veto a uso de campus faz esportistas recorrerem a acostamento para treinamentos, em meio a veículos a 120 km/h
Sem a USP, ciclistas se arriscam em rodovias
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Proibidos de entrar na USP desde o dia 25 de abril, ciclistas federados optaram por realizar seus
treinos em rodovias estaduais, como a dos Bandeirantes, a Anhangüera, a dos Imigrantes e a Anchieta. Acostumados a conviver
com carros numa velocidade máxima de 60 km/h, agora correm
mais riscos ao lado de veículos a
100 km/h, 120 km/h ou mais.
Um levantamento do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) comprova o perigo: houve
uma morte a cada cinco dias nos
acostamentos das rodovias estaduais paulistas no ano passado.
O campeão do ranking brasileiro de ciclismo em 2004, André
Grizante, 28, foi um dos que tiveram de mudar a rotina de treinos.
"Além de não ter onde estacionar
o carro e precisar ir com a bicicleta até a rodovia, o fluxo de carros é
maior e os ônibus sempre passam
raspando", disse ele, que treinou
ontem na Anchieta.
A Federação Paulista de Ciclismo tem lista de mil pessoas cadastradas que treinavam na USP. Já a
Federação Paulista de Triatlon
possui 250 atletas que também
pedalavam no campus. Roberto
Barbosa, 70, que treinava havia 40
anos no campus do Butantã e já
foi 30 vezes campeão brasileiro,
passou a usar a Bandeirantes.
"Apesar do risco, não temos outra
opção sem ser a rodovia."
Outra campeã, Vera Lang, 35,
também se sentiu prejudicada
com a decisão da reitoria. "Como
vamos mostrar resultado no Pan-Americano se não temos condições para treinar?", indagou ela,
que circula agora das 5h30 às 7h30
na Bandeirantes, o que exige muita habilidade e reflexos rápidos.
Segundo a Artesp (Agência Reguladora de Transporte do Estado
de São Paulo), houve 598 acidentes com ciclistas em rodovias concedidas em 2004, o que corresponde a 1% das ocorrências.
Um grupo de 15 ciclistas treinou
ontem no acostamento da Anchieta. O pelotão às vezes era
"atrapalhado" por carros que precisavam utilizar o local. Em outros momentos, os ciclistas invadiam a pista. No meio do caminho, a Polícia Rodoviária Estadual abordou o grupo e eles tiveram que dar meia-volta.
"Existe uma lei federal que permite a circulação de ciclistas nos
bordos das pistas em estradas onde não há ciclovia. Mas, como a
gente tem bom senso, obedeceu à
polícia", afirmou o ciclista Lourival de Souza, 55. Segundo ele, o
campus funcionava como ponto
de encontro do grupo de atletas.
O prefeito do campus da USP na
capital, Wanderley Messias da
Costa, afirmou que não acredita
ser possível a reversão do veto à
entrada de ciclistas para treinos
na universidade.
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