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JUVENTUDE ENCARCERADA
Governador afirma que
presidente não repassou verbas; União aponta falha em projetos
Alckmin afirma que problema é restrito e faz críticas a Lula
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou
ontem que a Febem vive um problema localizado no complexo do
Tatuapé e criticou o governo federal por não repassar mais verbas
para a instituição.
O complexo de Raposo Tavares
registrou ontem, no entanto, um
motim com três reféns e um funcionário ferido.
"Nós temos 77 unidades [de internação] e os problemas são
sempre no Tatuapé. Você não ouve falar das outras unidades, o que
mostra que o Tatuapé é um modelo que precisa acabar", afirmou
Alckmin ontem pela manhã.
Desde o começo do ano, foram
23 rebeliões na Febem -a instituição classificou o episódio de
ontem como um tumulto, sem a
gravidade de uma rebelião, apesar
de haver reféns e um funcionário
ferido- , 13 só no Tatuapé.
Alckmin prometeu desativar 8
das 18 unidades do complexo do
Tatuapé para construir um parque na área desocupada.
O governador também cobrou
do governo de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) uma maior participação nas políticas para jovens infratores em São Paulo.
"Tem muita gente para criticar,
tem pouca gente para ajudar e trabalhar. Então, infelizmente, o Estado trabalha sozinho. Não tem
apoio federal. Os recursos que nós
tínhamos no tempo do Fernando
Henrique não vieram mais ", disse o governador, pré-candidato à
Presidência em 2006 pelo PSDB,
mesmo partido do ex-presidente
Fernando Henrique.
Alckmin não quis comentar,
porém, as declarações do Ministério Público de que existiria uma
hierarquia entre internos da Febem muito semelhante às normas
estabelecidas no sistema prisional. O sistema de comando entre
os adolescentes contaria com um
"voz" (líder da unidade), os "faxinas" (responsáveis pela limpeza
que teriam livre circulação no
complexo) e os "disciplinas" (responsáveis por intermediar conflitos entre os internos).
Pedido negado
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência afirmou ontem que não houve repasses à Febem paulista porque não
foram firmados convênios com o
Estado específicos para essa finalidade desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os dois pedidos formulados pela gestão tucana foram negados.
Os projetos enviados pediam verba para a construção de duas unidades para a Febem no interior de
São Paulo: Hortolândia e Sumaré.
Segundo a secretaria, o órgão
rejeitou os pedidos porque os
projetos apresentados não estavam dentro do padrão exigido pela resolução 46 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente, de 1996.
A resolução estabelece que o jovem internado por meio de medida socioeducativa não pode ser
privado da liberdade em unidade
que comporte mais de 40 pessoas.
Não era o caso das unidades previstas pelo governo paulista, que
abrigariam um número maior de
adolescentes, de acordo com a assessoria da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos.
A assessoria de imprensa da
Presidência não se manifestou sobre as críticas do governador.
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