São Paulo, sexta-feira, 06 de maio de 2005

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PATRIMÔNIO

Cobertura de caminho projetado pelo arquiteto em Niterói e inaugurado há dois anos está sendo arrancada

Vândalos danificam obra de Niemeyer no RJ

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Cobertura danificada da praça Juscelino Kubitschek, que faz parte do Caminho Niemeyer, projetado por ele e que conecta a UFF às barcas


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a praça Juscelino Kubitschek, aberta há dois anos no centro de Niterói (RJ), está semidestruída. Desde o início do ano, desconhecidos vêm usando objetos contundentes para atacar a cobertura sinuosa que protege o pedestre do sol e da chuva.
As placas de gesso que formavam o forro da cobertura se soltaram e foram atiradas à baía de Guanabara. Algumas apodrecem sobre as pedras entre a praça e o mar. Trechos das laterais também foram arrancados.
Os ataques costumam ocorrer de madrugada, quando a praça não é policiada. A Juscelino Kubitschek é parte do Caminho Niemeyer, conjunto de prédios e espaços públicos projetados pelo arquiteto de 97 anos na orla de Niterói. Além da praça, já estão concluídos o MAC (Museu de Arte Contemporânea) e a estação hidroviária de Charitas, de onde partem catamarãs para o Rio.
Após a inauguração, em abril de 2003, a praça Juscelino Kubitschek -com 200 m de comprimento- se tornou rota obrigatória de quem vai do campus da Universidade Federal Fluminense para a estação das barcas.
Os vândalos que têm atacado a praça pouparam até o momento os jardins, os bancos e as estátuas.
A principal hipótese da polícia para o ataque à cobertura é a utilização do espaço existente entre o forro e o teto metálico para guardar objetos pessoais. Os suspeitos são os cerca de 300 moradores de rua da praça Araribóia, a cerca de 300 m da Juscelino Kubitschek.
O policiamento na praça é inexistente entre as 22h e as 8h. Uma dupla, desarmada, do programa estadual Voluntários da Paz fica no local das 8h às 20h.
A Guarda Municipal, da Prefeitura de Niterói, atua, também desarmada, das 13h às 22h. De dia, PMs circulam pela área.

Catedral
Também parte do Caminho Niemeyer, a Catedral Evangélica está ameaçada de não sair do papel -sumiu cerca de R$ 1,6 milhão doado por fiéis para a obra.
O diretor do Grupo Executivo Caminho Niemeyer, Rodrigo Figueiredo, disse que vai procurar a direção da 1ª Igreja Batista de Niterói para saber se ainda há interesse em construir a catedral, projetada por Niemeyer em um terreno de 13.500 m2.
A Folha tentou ouvir o pastor Nilson Fanini, ex-presidente da 1ª Igreja Batista, e o atual presidente, Délio Lima de Amaral. O dinheiro, afirma Fanini, foi dado a uma empresa do mercado financeiro, que teria aplicado um golpe.


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