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Promotor denuncia hoje casal por crime
Francisco Cembranelli diz ter "elementos que autorizam denúncia"; ele não disse se dará aval a pedido de prisão feito pela polícia
A denúncia será entregue ao
juiz do 2º Tribunal do Júri;
caso ele a aceite, Alexandre
Nardoni e Anna Jatobá
passarão a ser réus
KLEBER TOMAZ
LUÍS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor Francisco Cembranelli, responsável pelo caso
Isabella, vai denunciar hoje à
Justiça o casal Alexandre Nardoni, 29, pai da menina, e Anna
Carolina Jatobá, 24, madrasta,
pela morte da criança, ocorrida
em 29 de março.
"A denúncia vai ser oferecida
amanhã [hoje] com certeza",
declarou Cembranelli. "Tenho
elementos que autorizam isso",
afirmou o promotor.
Cembranelli, no entanto, não
quis dizer se dará anuência ao
pedido de prisão feito pela delegada Renata Pontes, do 9º Distrito Policial. Ele afirmou que
só falará sobre esse assunto durante a entrevista coletiva que
concederá hoje às 15h, na sede
do Ministério Público.
A denúncia da Promotoria
será entregue ao juiz do 2º Tribunal do Júri, Maurício Fossen. Caso ele a aceite, o casal
passará a figurar como réu no
processo. Se conceder a prisão
preventiva, ela poderá se estender até o julgamento.
No relatório final do inquérito que entregou na última
quarta-feira à Justiça, a delegada lista os argumentos para pedir a prisão do pai, estagiário de
direito, e da madrasta, estudante: o temor de que eles fujam e a
possibilidade de que tentem alterar provas obtidas.
Renata Pontes relata que baseou o pedido de prisão preventiva no artigos 311 e 312 do Código de Processo Penal. Esses
artigos prevêem o pedido de
prisão caso os suspeitos prejudiquem os seguintes pontos:
garantia da ordem pública ou
econômica, conveniência da
instrução criminal e asseguramento da aplicação da lei penal.
Nardoni e Jatobá já haviam
sido presos antes em cumprimento a um pedido de prisão
temporária, ainda quando
eram apontados como suspeitos pela polícia. Ficaram detidos por oito dias e foram soltos
em 11 de abril, após um habeas
corpus autorizado pela Justiça.
Sete dias depois, a polícia os
indiciou pelo crime de homicídio triplamente qualificado
(motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima) contra Isabella.
De acordo com a delegada, a
madrasta tentou asfixiar a enteada, e o pai atirou a filha por
um buraco feito na tela de proteção da janela do quarto, do
sexto andar do prédio onde moravam, o edifício London, na
zona norte.
O casal alega inocência -diz
que um ladrão invadiu o prédio
e jogou Isabella enquanto Nardoni descia à garagem para pegar a mulher e os outros dois filhos que tem com ela. Isabella é
filha do suspeito com Ana Carolina Oliveira, 24.
O promotor chama a versão
do casal de "fantasiosa". Para a
polícia e a Promotoria, no entanto, laudos técnicos do IC
(Instituto de Criminalística)
descartam uma terceira pessoa.
Sem qualquer prova irrefutável que incrimine os dois, o que
mais pesa contra Nardoni e Jatobá são as ligações feitas do telefone fixo do apartamento,
após a queda da menina, sangue encontrado no local e depoimento de testemunhas que
afirmam ter escutado discussões do casal.
Ricardo Martins, advogado
do casal, afirmou que irá aguardar o pedido de prisão para se
posicionar. Ele, no entanto,
afirmou que é provável que o
pedido seja levado pelo promotor à Justiça.
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