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Sírio-Libanês assume direção de dois ambulatórios públicos de SP
Hospital privado de ponta administrará AMAs com recursos da prefeitura
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez, o Sírio-Libanês, um dos hospitais privados mais conceituados do país,
assume a direção de postos de
saúde públicos de São Paulo.
Estão sob responsabilidade
do Sírio-Libanês as recém-criadas AMAs (assistências médicas ambulatoriais) do Jardim
Peri Peri, que começou a funcionar na sexta-feira passada, e
da Vila Piauí, que deve ser aberta nos próximos dias.
As duas AMAs, que fazem
parte da rede municipal de saúde, ficam na região do Butantã,
na zona oeste de São Paulo. Cada uma tem capacidade para
receber 250 pacientes por dia.
O Sírio-Libanês não é remunerado diretamente pelo trabalho nem despende recursos
próprios. O dinheiro que vem
da Prefeitura de São Paulo
-cerca de R$ 155 mil por mês
para cada AMA- é aplicado integralmente nos ambulatórios.
A AMA é uma espécie de
pronto-socorro voltado para
pacientes com problemas mais
simples. O objetivo é desafogar
os hospitais públicos.
Com as duas novas unidades,
São Paulo agora tem 102 AMAs.
Todas foram construídas pela
prefeitura e, depois, entregues
a entidades sem fins lucrativos.
O funcionamento é acompanhado pela prefeitura. Metas
de atendimento precisam ser
cumpridas e prestações de contas devem periodicamente ser
feitas. As parcerias podem ser
rompidas a qualquer momento.
Modelo semelhante vem
sendo adotado desde 1998 pelo
governo de São Paulo, que já
passou 23 hospitais estaduais
para entidades privadas.
O objetivo dessas parcerias,
segundo a prefeitura, é levar a
eficiência e a agilidade do setor
privado ao sistema público de
saúde. As entidades conveniadas compram equipamentos
sem licitação e contratam funcionários sem concurso público. Elas também podem pagar
aos médicos salários mais altos
que os da rede pública de saúde.
"Se o médico não vai, eu coloco outro no lugar. Se o raio-X
quebra, mando consertar na
hora. Com a iniciativa privada,
a coisa não pára. No sistema
público, não é assim", diz o médico Gonzalo Vecina, que é um
dos diretores do hospital Sírio-Libanês e foi secretário da Saúde na gestão Marta (PT).
Para assumir a administração de um hospital público, um
posto de saúde ou um ambulatório, a entidade privada precisa se encaixar numa série de
exigências, como ser filantrópica e ter experiência na área.
Esse sistema é criticado principalmente pelas entidades de
classe dos servidores municipais. Eles dizem que se trata da
privatização da saúde pública.
Para o secretário municipal
da Saúde de São Paulo, Januario Montone, as parcerias são
uma tendência do SUS (Sistema Único de Saúde). "O governo tem de garantir os serviços à
população, mas não tem necessariamente de executá-los."
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