São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2008

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Polícia investiga guia que leva turista ao tráfico

Pedro Novak será investigado por suspeita de apologia ao tráfico e de exposição de terceiros a risco

PAULA MÁIRAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

A Deat (Delegacia de Atendimento ao Turista) vai investigar o guia que leva turistas estrangeiros para conhecer a favela da Rocinha (zona sul), no Rio de Janeiro, em passeio que inclui conversa com traficantes armados.
O delegado Daniel Mayr disse que decidiu apurar o caso com base em reportagem da Folha, publicada anteontem, sobre o roteiro promovido pelo guia Pedro Novak, da agência Private Tours. Novak será investigado por suspeita de apologia ao tráfico e de exposição de terceiros a risco.
A empresa que organiza o tour -durante o qual um jovem se identifica como soldado do tráfico, posa armado para fotografias e se dispõe a conversar com turistas- também sofrerá punição da Riotur.

"Exploração"
"As denúncias são muito graves. Um caso de polícia, acima de tudo. Um risco para os turistas e um desfavor ao Rio, que não precisa desse tipo de exploração", disse o secretário especial de Turismo do município, Rubem Medina.
De acordo com Medina, não há como excluir as informações sobre a Private Tours da edição maio/ junho do guia oficial da cidade, já impressa. "Mas a empresa não constará no guia de julho/ agosto", afirmou o secretário de Turismo.
Procurado pela Folha, que fez o passeio disfarçada de turista estrangeiro, Novak disse que a reportagem "deturpou completamente os fatos". "[O repórter] Cometeu um grande erro e vai ter que apresentar respostas à polícia. Não vou falar agora, vou escrever com calma a resposta. Agora tenho que trabalhar."
Para Marcelo Armstrong, do Favela Tour, empresa que também faz passeios na Rocinha, não foi uma surpresa.
"Já tinha ouvido falar de tours do gênero e cheguei a denunciar um caso, referente a outro guia e outra favela, mas não deu em nada", afirmou.
Autora de estudos sobre favelas como destinos turísticos, a cientista social Bianca Freire-Medeiros, do Cpdoc/FGV, critica passeios como esse: "Isso rompe com um discurso típico das agências e dos moradores de que vale a pena visitar a favela porque há mais para se ver, que não a violência". O turismo da pobreza, diz, virou um negócio internacional.


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