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Polícia investiga guia que leva turista ao tráfico
Pedro Novak será investigado por suspeita de apologia ao tráfico e de exposição de terceiros a risco
PAULA MÁIRAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A Deat (Delegacia de Atendimento ao Turista) vai investigar o guia que leva turistas estrangeiros para conhecer a favela da Rocinha (zona sul), no
Rio de Janeiro, em passeio que
inclui conversa com traficantes
armados.
O delegado Daniel Mayr disse que decidiu apurar o caso
com base em reportagem da
Folha, publicada anteontem,
sobre o roteiro promovido pelo
guia Pedro Novak, da agência
Private Tours. Novak será investigado por suspeita de apologia ao tráfico e de exposição
de terceiros a risco.
A empresa que organiza o
tour -durante o qual um jovem
se identifica como soldado do
tráfico, posa armado para fotografias e se dispõe a conversar
com turistas- também sofrerá
punição da Riotur.
"Exploração"
"As denúncias são muito graves. Um caso de polícia, acima
de tudo. Um risco para os turistas e um desfavor ao Rio, que
não precisa desse tipo de exploração", disse o secretário especial de Turismo do município,
Rubem Medina.
De acordo com Medina, não
há como excluir as informações
sobre a Private Tours da edição
maio/ junho do guia oficial da
cidade, já impressa. "Mas a empresa não constará no guia de
julho/ agosto", afirmou o secretário de Turismo.
Procurado pela Folha, que
fez o passeio disfarçada de turista estrangeiro, Novak disse
que a reportagem "deturpou
completamente os fatos". "[O
repórter] Cometeu um grande
erro e vai ter que apresentar
respostas à polícia. Não vou falar agora, vou escrever com calma a resposta. Agora tenho que
trabalhar."
Para Marcelo Armstrong, do
Favela Tour, empresa que também faz passeios na Rocinha,
não foi uma surpresa.
"Já tinha ouvido falar de
tours do gênero e cheguei a denunciar um caso, referente a
outro guia e outra favela, mas
não deu em nada", afirmou.
Autora de estudos sobre favelas como destinos turísticos,
a cientista social Bianca Freire-Medeiros, do Cpdoc/FGV, critica passeios como esse: "Isso
rompe com um discurso típico
das agências e dos moradores
de que vale a pena visitar a favela porque há mais para se
ver, que não a violência". O turismo da pobreza, diz, virou um
negócio internacional.
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