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Professor terá de fazer curso e 2 provas para ser contratado em SP
Quem for aprovado em concurso ainda passará por aulas de qualificação de 4 meses antes de realizar novo exame
Segundo o governador, ideia é melhorar a qualidade dos docentes que entram na rede; novo formato precisa ser aprovado na Assembleia
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo
anunciou que os candidatos a
professor efetivo na rede estadual terão que passar por duas
provas, ambas eliminatórias, e
um curso de qualificação de
quatro meses. Hoje, a seleção
de efetivos é feita apenas em
uma prova, o concurso público.
A nova regra deverá ser aplicada na seleção de setembro
para o preenchimento de 10 mil
vagas. O novo formato precisa
ser aprovado pela Assembleia,
onde o governo tem maioria.
O governador José Serra
(PSDB) afirma que, com o curso, pretende melhorar a qualidade dos professores que entram na rede. "É um reforço para o corpo docente. Traslada do
futuro para o presente os cursos de aperfeiçoamento."
A proposta é fazer uma seleção inicial no concurso público
e encaminhar os aprovados para o curso de qualificação. Ao final dos quatro meses, os candidatos passarão por novo exame, também eliminatório.
A educação é uma das áreas
mais criticadas da gestão tucana. Segundo a própria avaliação
estadual, mais de 80% dos alunos da oitava série não têm o
conhecimento esperado para
seu estágio. Serra, cotado para
ser candidato na eleição presidencial em 2010, já mudou
duas vezes o titular da área.
O Estado pretende abrir concursos para diminuir o número
de professores temporários (80
mil), que representam 40% da
rede. Os temporários não passaram por seleção e são apontados como uma das causas da má
qualidade de ensino.
Em setembro serão preenchidos 10 mil cargos. Outras 50
mil vagas deverão ser criadas e
preenchidas posteriormente.
Base
O curso proposto pelo governo usará as ferramentas já existentes de cursos de aperfeiçoamento do Estado. Parte da carga (360 horas) será à distância.
"Os cursos de pedagogia são
muito teóricos. Na Escola de
Formação [nome do programa], vamos focar mais a prática
dentro da sala de aula", disse o
secretário Paulo Renato Souza.
"É uma medida estranha. Se
já faz o concurso, para que outra prova? Não se confia no
concurso?", questiona o coordenador da pós-graduação em
educação da USP, Romualdo
Portela. "Mas é razoável que
haja um treinamento."
Para o vice-presidente do
Conselho Estadual de Educação, João Cardoso Palma Filho,
a medida é positiva. "O concurso cobra muita teoria. O curso
pode oferecer a parte prática."
"O problema é como dar treinamento a milhares de professores ao mesmo tempo. Iniciativa semelhante já existe, por
exemplo, na Escola da Magistratura [do Tribunal de Justiça], mas com poucos candidatos", disse Palma Filho. "O curso de professores não deverá
trazer impacto grande na qualidade, mas é um começo."
Os professores que participarem do programa ganharão
uma bolsa de 75% do salário
inicial do docente (que varia de
acordo com a jornada).
Prova de temporários
O governo anunciou também
que repetirá a prova para seleção de temporários. Para este
ano, a pasta tentou fazer o exame, mas foi barrada pela Justiça, que entendeu que os temporários já faziam parte da rede e
não podiam ser excluídos.
Agora, o governo decidiu que
os temporários que ficarem
abaixo da nota mínima não poderão dar aulas, mas ficarão em
atividades auxiliares. Eles terão
a jornada mínima da rede (12
horas semanais). A medida vale
para o ano que vem. O exame
terá de ser anual.
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