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Conselho nega pedido para dissidente da TFP criar faculdade
Organização católica conservadora queria criar instituição em São Paulo para oferecer cursos de teologia e filosofia
Conselheiros consideraram que a Arautos do Evangelho não tem "características acadêmicas", mas "caráter confessional católico"
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Conselho Nacional de
Educação acendeu uma polêmica no meio acadêmico ao negar um pedido da Arautos do
Evangelho -associação católica conservadora dissidente da
TFP (Tradição, Família e Propriedade)- para abrir uma faculdade com cursos de teologia
e filosofia em Caieiras (SP).
Embora afiançada por outras
duas instâncias do Ministério
da Educação, a proposta de
criação da Faculdade Arautos
do Evangelho, segundo o conselho, "não apresenta características acadêmicas" e tem caráter "confessional católico".
Antes da negativa do CNE, a
Sesu (Secretaria de Educação
Superior) e o Inep (o instituto
de pesquisas do MEC) haviam
atribuído à faculdade conceito
4, numa escala de 0 a 5, nas avaliações de professores, instalações e organização pedagógica.
No processo enviado ao ministério, a Arautos do Evangelho diz que "o Espírito Santo
suscitou em suas almas o anseio de formarem uma instituição de cunho religioso com a finalidade de promover a santificação e a evangelização".
Entre as metas a serem atingidas, a candidata a faculdade
destacava: 1) a disseminação da
doutrina cristã e da fé mariana
(em Maria); 2) o amor à eucaristia; 3) a devoção ao papa.
Para o CNE, a faculdade seria
"um instrumento da evangelização" e não poderia ser "credenciada pelo poder público".
A Arautos do Evangelho recorreu, dizendo haver violação
da Constituição e que já existem universidades cristãs, como a PUC, cujo "curso de teologia é determinado pela fé".
"A PUC pauta seus cursos
por visões abrangentes e polivalentes, o que não acontece no
projeto da Arautos", disse Paulo Speller, relator do conselho.
"O problema deles não está
nas instalações, está na proposta. Sugeri que apresentem uma
nova proposta que seja mais
abrangente e que não tenha um
caráter catequético", afirmou.
Um dos conselheiros que votaram contra a abertura da faculdade é Antonio Carlos Caruso Ronca, ex-reitor da PUC-SP.
Para Milton Linhares, conselheiro que votou a favor da criação da faculdade, a decisão é
"incoerente" e "conflitante
com princípios constitucionais" porque anteriormente o
órgão já havia aprovado a criação da Faculdade Messiânica.
Em São Paulo já existe a Faculdade de Teologia Umbandista. Dos 24 membros do conselho, apenas 1 votou a favor.
Procurado, o Colégio Arautos
do Evangelho, que pediu a criação da faculdade, não respondeu ao pedido de entrevista.
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