Palestra com militares no Cindacta-3, em Recife, sobre as buscas poderia ter sido no Rio, afirmou familiar de vítima

Aeronáutica diz tratar-se de opinião pessoal; segundo outro parente, PF vai criar um banco de dados para identificar possíveis corpos

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Organizada pela Aeronáutica, a visita de parentes de passageiros do voo AF 447 ao Cindacta-3, em Recife, ontem de manhã, foi descrita por um dos dez participantes do grupo como um "teatro". Para Newton Marinho, irmão de um desaparecido, a palestra dos militares poderia ter sido feita no Rio, onde as famílias são atendidas pela Air France.
Marinho disse ter embarcado para Recife com a esperança de ver algum destroço. Segundo ele, porém, o grupo participou apenas de uma reunião com militares do Cindacta, que explicaram como estão sendo realizadas as buscas.
Segundo o diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Ramon Borges Cardoso, trata-se de uma "opinião pessoal". Ele disse ter ouvido de familiares de passageiros que as explicações foram "satisfatórias".
Na reunião, a portas fechadas, os militares falaram das dificuldades na busca diante do mau tempo e da extensão da área. Os familiares puderam perguntar, mas não tiveram aval para sobrevoar a região.
Pela manhã, outro familiar afirmou que a Polícia Federal iniciaria a coleta de informações para um banco de dados que possa ajudar na identificação de possíveis corpos. Procurada, a PF não confirmou.
De acordo com o advogado Marco Túlio Moreno Marques, filho de um casal que estava no avião, a PF pediu, por exemplo, escovas com fios de cabelo das vítimas. Parentes próximos também poderão fornecer amostras de saliva para análise.
Em Caravelas (BA), o presidente Lula fez um minuto de silêncio em homenagem aos desaparecidos. No Rio, uma missa reuniu 150 pessoas na igreja do Carmo, no centro. Foi lida uma mensagem de condolências do papa Bento 16 às famílias.