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Destroços já avistados se perdem no mar
Vestígios do Airbus que tinham sido localizados no oceano Atlântico foram arrastados por correntes marinhas e pelo vento
Até ontem, equipes de busca não resgataram nenhuma parte do avião; área já vasculhada é maior que o Estado do Acre
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Os destroços do Airbus da Air
France que haviam sido avistados pelas equipes de buscas estão novamente perdidos no
oceano. Até ontem, as equipes
da Marinha e da Aeronáutica
envolvidas nos trabalhos não
haviam recolhido nenhuma vítima ou objeto pertencente à
aeronave desaparecida.
"Fomos para as localidades
indicadas e não encontramos
nada", disse o almirante Edson
Lawrence Dantas, comandante
do 3º Distrito Naval. "É uma
área bastante extensa do mar."
As equipes que vasculham o
oceano já percorreram 185,3
mil quilômetros quadrados,
área superior à do Estado do
Acre. A operação, que entra hoje em seu sexto dia, envolve 11
aviões e três navios, além de um
helicóptero da Marinha. Outros dois navios deverão juntar-se à equipe hoje.
Só a Aeronáutica mobiliza
150 pessoas, de operadores a pilotos. No mar, as embarcações
levam mergulhadores, médicos
e equipamentos de resgate, como guindastes e gruas. Alguns
navios têm estruturas para recolher destroços.
Segundo o diretor-geral do
Departamento de Controle do
Espaço Aéreo da Aeronáutica,
tenente-brigadeiro Ramon
Borges Cardoso, o tempo ruim
na região prejudica as buscas.
"Estamos conseguindo voar
apenas em áreas onde a visibilidade é adequada para fazer algum avistamento." De acordo
com ele, as chances de encontrar corpos são "muito pequenas", e as de achar algum sobrevivente, "ínfimas".
Cardoso disse que, "de concreto", as equipes de busca localizaram "a mancha de querosene, a poltrona e alguns pedaços que faziam parte de uma
área um pouco maior, de aproximadamente três quilômetros
de destroços, onde havia fiação
e parte interna da aeronave".
"Dos outros materiais que vimos, muitos foram descartados
na hora, porque não pareciam
nada com os da aeronave", disse o tenente-brigadeiro.
Anteontem, a Marinha recolheu uma base de madeira para
acomodação de cargas, conhecida como "pallet", mas depois
descartou a possibilidade de a
peça ser do Airbus, pois o avião
utiliza bases de metal.
"Está todo mundo transtornado depois dessa notícia. Chegamos quase que à estaca zero
novamente. A informação que
chega aqui é a mínima possível.
Isso vai martirizando cada vez
mais as famílias", afirmou Nelson Faria Marinho, pai do passageiro Nelson Marinho.
Submarino
Um submarino nuclear francês ajudará nas buscas pelas
caixas-pretas do Airbus. Segundo o ministro da Defesa da
França, Hervé Morin, o submarino tem equipamentos de alta
sensibilidade, que facilitarão a
localização dos destroços.
"Graças ao seu avançado sistema de detecção, acreditamos
que o submarino nos ajudará a
encontrar as caixas-pretas do
avião", explicou Morin, que
voltou a dizer que um ato terrorista não foi descartado como a
causa da tragédia.
"Não há nenhum elemento
ou pista que nos permita corroborar isso, mas a investigação
em andamento nunca excluiu o
terrorismo", disse Morin.
De acordo com Christophe
Prazuck, porta-voz das Forças
Armadas francesas, a prioridade é achar os destroços antes
que afundem. Mas especialistas do país alertam que as caixas-pretas talvez jamais sejam
achadas, já que o Airbus provavelmente está em águas de até
4.000 metros de profundidade.
Colaboraram MARCELO NINIO , enviado especial a Paris, e a Sucursal do Rio
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