São Paulo, sábado, 06 de junho de 2009

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Destroços já avistados se perdem no mar

Vestígios do Airbus que tinham sido localizados no oceano Atlântico foram arrastados por correntes marinhas e pelo vento

Até ontem, equipes de busca não resgataram nenhuma parte do avião; área já vasculhada é maior que o Estado do Acre

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Os destroços do Airbus da Air France que haviam sido avistados pelas equipes de buscas estão novamente perdidos no oceano. Até ontem, as equipes da Marinha e da Aeronáutica envolvidas nos trabalhos não haviam recolhido nenhuma vítima ou objeto pertencente à aeronave desaparecida.
"Fomos para as localidades indicadas e não encontramos nada", disse o almirante Edson Lawrence Dantas, comandante do 3º Distrito Naval. "É uma área bastante extensa do mar."
As equipes que vasculham o oceano já percorreram 185,3 mil quilômetros quadrados, área superior à do Estado do Acre. A operação, que entra hoje em seu sexto dia, envolve 11 aviões e três navios, além de um helicóptero da Marinha. Outros dois navios deverão juntar-se à equipe hoje.
Só a Aeronáutica mobiliza 150 pessoas, de operadores a pilotos. No mar, as embarcações levam mergulhadores, médicos e equipamentos de resgate, como guindastes e gruas. Alguns navios têm estruturas para recolher destroços.
Segundo o diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Ramon Borges Cardoso, o tempo ruim na região prejudica as buscas.
"Estamos conseguindo voar apenas em áreas onde a visibilidade é adequada para fazer algum avistamento." De acordo com ele, as chances de encontrar corpos são "muito pequenas", e as de achar algum sobrevivente, "ínfimas".
Cardoso disse que, "de concreto", as equipes de busca localizaram "a mancha de querosene, a poltrona e alguns pedaços que faziam parte de uma área um pouco maior, de aproximadamente três quilômetros de destroços, onde havia fiação e parte interna da aeronave".
"Dos outros materiais que vimos, muitos foram descartados na hora, porque não pareciam nada com os da aeronave", disse o tenente-brigadeiro.
Anteontem, a Marinha recolheu uma base de madeira para acomodação de cargas, conhecida como "pallet", mas depois descartou a possibilidade de a peça ser do Airbus, pois o avião utiliza bases de metal.
"Está todo mundo transtornado depois dessa notícia. Chegamos quase que à estaca zero novamente. A informação que chega aqui é a mínima possível.
Isso vai martirizando cada vez mais as famílias", afirmou Nelson Faria Marinho, pai do passageiro Nelson Marinho.

Submarino
Um submarino nuclear francês ajudará nas buscas pelas caixas-pretas do Airbus. Segundo o ministro da Defesa da França, Hervé Morin, o submarino tem equipamentos de alta sensibilidade, que facilitarão a localização dos destroços.
"Graças ao seu avançado sistema de detecção, acreditamos que o submarino nos ajudará a encontrar as caixas-pretas do avião", explicou Morin, que voltou a dizer que um ato terrorista não foi descartado como a causa da tragédia.
"Não há nenhum elemento ou pista que nos permita corroborar isso, mas a investigação em andamento nunca excluiu o terrorismo", disse Morin.
De acordo com Christophe Prazuck, porta-voz das Forças Armadas francesas, a prioridade é achar os destroços antes que afundem. Mas especialistas do país alertam que as caixas-pretas talvez jamais sejam achadas, já que o Airbus provavelmente está em águas de até 4.000 metros de profundidade.


Colaboraram MARCELO NINIO , enviado especial a Paris, e a Sucursal do Rio


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