São Paulo, sábado, 06 de junho de 2009

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Greve de professor e aluno na USP é parcial

Paralisação atingiu parcialmente 5 das 40 faculdades, um dia após adesão de docentes e estudantes ao movimento dos funcionários

Apenas 4 dos 231 cursos da universidade tiveram as aulas completamente suspensas; professores e alunos criticam presença da PM no campus

Marlene Bergamo/Folha Imagem
Carteiras bloqueiam entrada de sala de aula da FFLCH; alunos, funcionários e docentes farão protesto na Cidade Universitária na terça

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro dia da greve de professores e de alunos da USP contou com baixa adesão. Apenas cinco faculdades pararam parcialmente e só quatro cursos tiveram as aulas completamente interrompidas.
A universidade tem 231 cursos em 40 faculdades.
Por causa da presença da Polícia Militar na Cidade Universitária (zona oeste de SP), docentes e estudantes aderiram anteontem à greve dos funcionários, iniciada em 5 de maio por reajuste salarial. Os policiais estão desde o dia 1º no campus para cumprir mandado de reintegração de posse pedido pela reitora Suely Vilela.
A reitora afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que a medida foi necessária porque funcionários grevistas bloqueavam a entrada de sete prédios, incluindo a reitoria, para barrar aqueles que não aderiram ao movimento. Professores e alunos da USP manifestaram repúdio à medida.
A Folha tenta entrevistar há três dias a reitora Suely.
As salas de aulas dos cursos de história e geografia, que ficam na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), estão bloqueadas desde anteontem, quando os estudantes das unidades já haviam declarado greve.
Pilhas de cadeiras foram usadas para impedir a entrada de docentes ou alunos que não aderiram à paralisação.
Apesar do descontentamento de alguns estudantes com o fato, não houve confrontos ontem. Anteontem, uma aluna de história que queria ter aula chamou a PM para que as barreiras fossem retiradas, mas os policiais foram embora após protesto de estudantes.
Segundo professores e o DCE (Diretório Central dos Estudantes), os cursos de letras (FFLCH) e de pedagogia (Faculdade de Educação) também não tiveram aulas. Já nos de ciências sociais e filosofia (ambas da FFLCH), na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), na ECA (Escola de Comunicação e Artes) e na EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), a greve foi parcial.
As outras unidades da universidade mantiveram as aulas.
A USP diz que a greve atingiu parcialmente a FFLCH, a ECA e a Faculdade de Educação.
De manhã, 24 professores se reuniram com a reitora para entregar um documento, aprovado na assembleia do dia anterior, que afirmava que a presença da PM é "incompatível com as relações democráticas". Os docentes afirmaram que só voltariam a negociar com a reitora quando a polícia se retirasse.
Segundo relato da Adusp (Associação dos Docentes da USP), quando os professores entraram na reitoria, havia policiais da Força Tática (espécie de tropa de choque) na frente do prédio e foi preciso passar por um corredor formado por PMs.
"Queremos dialogar. Mas isso só vai acontecer quando a PM sair. Eles têm metralhadoras, usadas para eliminar a massa. Nossas armas são os livros, o conhecimento", disse o professor Alessandro Soares, da EACH (campus Leste).
À tarde, os docentes fizeram panfletagens em diversos pontos da USP, para chamar mais professores para a mobilização. A Força Tática já havia se retirado do campus e apenas alguns carros policiais circulavam pela universidade.
Na terça, às 6h, alunos, funcionários e docentes de USP, Unicamp e Unesp farão um protesto, com bloqueio da entrada principal da Cidade Universitária. Às 11h, haverá outro ato, em local a ser definido.


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