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PAULA BEIGUELMAN (1926-2009)
A professora viveu para a universidade
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
No pacotão de 219 aposentadorias forçadas, lia-se o nome de Paula Beiguelman.
Como tantos outros professores -a lista incluía nomes como Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso-, Paula se viu
afastada da vida universitária naquele abril de 1969, devido a um ato institucional.
Doutora em ciência política, quando os anos de chumbo se foram, voltou a dar aulas na FFLCH (Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências
Humanas), da USP. "A vida
dela era a universidade",
lembra o irmão, o geneticista
Bernardo Beiguelman.
Paula era professora emérita da instituição até ontem,
quando morreu aos 83 anos,
vítima de um câncer. Também exercia o cargo de vice-presidente do Sindicato de
Escritores do Estado de SP.
Dona de um texto "enxutíssimo", como lembra o irmão, publicou várias obras.
"Ela sempre foi do essencial.
Enquanto os outros escreviam em três, quatro volumes, ela fazia em um só."
É autora, entre outros, de
"A Formação do Povo no
Complexo Cafeeiro: Aspectos Políticos", "Os Companheiros de São Paulo: Ontem
e Hoje" e "O Pingo de Azeite:
A Instauração da Ditadura".
Natural de Santos, começou cedo a colaborar com a
seção literária do jornal "A
Tribuna". Também exerceu
crítica literária nos livros
"Viagem Sentimental a Dona
Guidinha do Poço" e "Por
que Lima Barreto?".
Era viúva e não deixa filhos. O enterro foi ontem, no
cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo.
obituario@grupofolha.com.br
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