São Paulo, sábado, 6 de junho de 1998

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EDUCAÇÃO
Dirigentes defendem avaliação mais completa, mas dizem que exame mostra realidade do ensino superior
Reitor de pública vê vantagens no provão

MALU GASPAR
da Reportagem Local

O Exame Nacional de Cursos, o provão, já está sendo aceito pelos reitores das universidades públicas, os dirigentes universitários mais críticos ao exame, como um instrumento de avaliação que cumpre função importante no sistema universitário brasileiro.
O exame acontece amanhã em 380 cidades brasileiras.
Apesar de dizerem que suas instituições têm sistemas de avaliação interna mais eficientes que o provão, os reitores das universidades estaduais paulistas USP e Unesp concordam que o exame é útil no contexto universitário brasileiro.
"Para nós o provão não muda nada, porque continuamos com nossos processos de avaliação e somos muito bem colocados no exame. Mas acho que ele desempenha hoje um papel importante, porque obriga as instituições a prestar contas à sociedade", afirma o reitor da Unesp, Antônio Manoel dos Santos Silva.
Segundo ele, a Unesp mantém posição crítica em relação ao provão, mas considera que o segundo exame foi melhor que o primeiro.
Prestar contas à sociedade também é fator importante para o reitor da USP, Jacques Marcovitch.
"A universidade continua com a mesma posição, mas a minha opinião é que a nossa participação no exame é boa até porque oferecemos um padrão de comparação."
Para ele, o provão tornou transparente a realidade do sistema universitário brasileiro, já que há no país "instituições realmente vinculadas à educação e outras criadas para garantir lucros".
O presidente do Crub (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras), José Carlos Almeida da Silva, também diz que a entidade mantém a posição de crítica ao provão, mas acha que, entre reitores, as resistências diminuíram.
"Ainda achamos que o exame só avalia um momento e uma parcela do processo de ensino, que são os alunos. Uma avaliação da universidade deve levar em conta vários fatores, não apenas uma prova."
Outro antigo crítico do provão, o reitor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Mozart Neves Ramos, hoje admite algumas vantagens no exame.
"Depois que o ministério começou a adotar mais indicadores de qualidade na prova, como titulação dos professores e jornada de trabalho, ela se tornou um instrumento importante de avaliação."
O reitor, membro da comissão de avaliação da Andifes (associação dos dirigentes das instituições de ensino superior), diz que nota uma mudança de opinião em seus colegas. "Hoje as manifestações no interior da Andifes são de uma aceitação clara do provão."



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