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Governo agora culpa a Anac por crise aérea
Ministro Waldir Pires (Defesa) teria determinado que a agência imponha às companhias aéreas a redistribuição de rotas
Reunião no ministério ocorreu após o ministro ser acusado de "inoperância" e de não coordenar os órgãos que estão sob sua gestão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois dos controladores de
vôo, o governo agora enxerga
na Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) a grande responsável pelos recentes problemas
nos aeroportos do país.
Em reunião de mais de três
horas no Ministério da Defesa,
da qual participaram Anac, Infraero e Decea (Departamento
de Controle do Espaço Aéreo),
o ministro Waldir Pires teria
dito que a Anac representa o
Estado e tem que impor às empresas aéreas a redistribuição
das rotas, apurou a Folha.
A determinação é que a Anac
enquadre as companhias aéreas, que resistem a mudanças
de rotas nos horários de pico.
O presidente da agência, Milton Zuanazzi, também foi cobrado a agir mais politicamente e sair dos bastidores. Segundo um dos participantes da
reunião, Zuanazzi "levou um
carão" do ministro.
Horas depois, por meio da
assessoria de imprensa da
Anac, Zuanazzi informou que,
durante a reunião, não foram
feitas críticas específicas ao
trabalho da agência, mas sim
discutidas formas de trabalho
em conjunto.
A reunião ocorreu depois
que o ministro foi acusado de
"inoperância" e responsabilizado pela crise por não coordenar os órgãos responsáveis pelo
setor aéreo subordinados a ele.
A Folha apurou que o ministro ficou irritado com o relator
da CPI do Apagão Aéreo do Senado, senador Demóstenes
Torres (DEM-GO), que o chamou de "banana" e pelas notícias de que Anac e Infraero estavam "batendo boca" em relação à solução para a crise.
Entre as medidas cobradas
da Anac estão redistribuição de
linhas, menos vôos nas horas
de pico e fim do overbooking. O
ministro teria pedido "mais
aviões e menos concessões".
A avaliação de áreas militares e civis é que as empresas se
beneficiaram da crise aérea,
pois isso ocultaria a falta de assistência aos passageiros e a
prática do overbooking, desconsiderando que recebem
concessão pública.
O presidente da Infraero,
brigadeiro José Carlos Pereira,
que vinha defendendo uma
mudança de postura da Anac,
teria vencido a queda-de-braço. Zuanazzi estaria isolado e
refém de uma estrutura na qual
tem pouco poder -os diretores
são indicações políticas.
Com o discurso afinado, Infraero e FAB estariam atuando
para isolar a Anac das discussões sobre a crise aérea devido
à pouca força de Zuanazzi.
Após a reunião, o Ministério
da Defesa, informou, por meio
de nota, que foram adotadas
quatro medidas para tentar
corrigir problemas identificados na prestação dos serviços
aéreos -nenhuma delas têm
como efeito agilizar os vôos.
Uma delas prevê o aumento
de funcionários do Centro de
Gerenciamento da Navegação
Aérea, que irá centralizar informações sobre a situação dos
vôos nos principais aeroportos
brasileiros. Com base nessas
informações, as empresas deverão manter os usuários informados.
A terceira medida, diz a nota,
é o aproveitamento de "áreas
em desuso operacional nos aeroportos, ocupadas atualmente
como depósitos, para colocá-las a serviço do transporte aéreo, mediante esforços processuais junto ao Poder Judiciário, quando necessário".
A última medida prevê que
os órgãos federais responsáveis
pela área de aviação civil, junto
com as empresas, devem "implementar procedimentos que
atendam adequadamente os
usuários, prestando-lhes todas
as informações e assistência
necessárias à execução do serviço público de boa qualidade".
Reajuste
Durante a reunião, ao ser informado da greve dos funcionários da Infraero prevista para a
próxima semana, Pires avaliou
que era melhor atender ao pedido de aumento salarial e teria
encaminhado ao Ministério do
Planejamento informação de
que haveria recursos para um
reajuste de 6%.
Entre os funcionários da empresa há 480 controladores civis, que atuam principalmente
nos aeroportos do Rio.
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