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Para especialista, tarifa flexível pode ampliar poder de TAM e Gol
DA SUCURSAL DO RIO
Uma das principais medidas
apresentadas pelos representantes da CPI do Apagão Aéreo,
a flexibilização de tarifas de
acordo com o grau de saturação
dos aeroportos e os horários de
maior movimento, pode fortalecer ainda mais a concentração de mercado das duas principais companhias aéreas do
país. Esta é a avaliação de Claudio Jorge Alves, professor do
ITA (Instituto Tecnológico de
Aeronáutica).
Segundo ele, a medida em si é
positiva, mas precisa ser implementada de forma cuidadosa
para evitar o fortalecimento do
"duopólio" de TAM e Gol, que,
juntas, concentram quase 90%
do mercado aéreo brasileiro.
Na prática, os preços seriam
mais elevados nos aeroportos e
nos horários mais disputados.
"Só as mais fortes vão ter dinheiro, não haverá condições
iguais para todos", disse.
Para o consumidor, a medida
deve trazer poucos impactos.
"De forma geral, as companhias
já estabelecem tarifa cheia para
os horários mais concorridos e
preços mais em conta em horários menos atraentes", afirma o
consultor em aviação Paulo
Sampaio.
Outro ponto polêmico é a
privatização dos principais aeroportos do país. Sampaio afirma que dificilmente um projeto como esse poderia ser aprovado no governo de Luiz Inácio
Lula da Silva. "É uma questão
política, nem adianta perder
tempo discutindo isso, no máximo sai uma PPP [parceria público-privada]", disse.
Segundo Respício Antonio
do Espírito Santo, presidente
do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas
Públicas em Transporte Aéreo,
a privatização dos aeroportos
teria efeito benéfico para os
passageiros. "Você deixa de ser
tratado como usuário e passa a
ser tratado como cliente. Isso
não é feito da noite para o dia.
Se o governo decidir privatizar,
o primeiro projeto só deverá
sair do papel a partir de 2009."
O professor do ITA ressalta
que a privatização de aeroportos não foi um processo eficaz
em todos os países. A da Argentina é considerada uma referência de fracasso no setor.
De modo geral, as propostas
foram vistas de forma favorável. "As idéias são boas, o difícil
é concretizar. Tem coisas que já
se discute há mais de dez anos",
afirmou Espírito Santo. Segundo ele, a definição de um Plano
Aeroviário Nacional é uma das
principais reivindicações do setor há anos. Ele serviria para
mapear a demanda do país no
setor aéreo e os trechos que seriam passíveis de subsídio.
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