São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2007

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Governo oficializou afastamento de só um policial suspeito

Das 20 pessoas suspeitas de ligação com caça-níqueis que deixariam as funções, só um nome saiu no "Diário Oficial"

O próprio policial tomou a iniciativa de deixar o cargo; número de investigadores também passou de 20 para 13, segundo o governo

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Vinte dias depois de a Polícia Civil paulista anunciar que 20 policiais investigados por ligação com o esquema de máquinas caça-níqueis seriam afastados de seus cargos de chefia, apenas um deles teve o afastamento oficializado no "Diário Oficial" do Estado. Isso porque o próprio policial tomou a iniciativa de deixar o cargo.
Sem a publicação no "Diário Oficial", os investigadores-chefes não têm os rendimentos reduzidos pela perda da função. Além de não ter seu afastamento oficializado, um dos investigados ainda teve sua designação para outro distrito policial publicada na terça-feira, mantendo o seu cargo de chefia.
O número anunciado de policiais a ser afastado das funções de chefia também foi reduzido: de 20 para 13 investigadores.
Os afastamentos foram anunciados pelo comando da polícia paulista no dia 16 de junho, um sábado, 22 dias depois de o advogado Jamil Chokr, que defende empresas de caça-níqueis e bingos, ser flagrado com anotações com telefones e nomes de policiais.
A Corregedoria da Polícia Civil apontou 27 policiais suspeitos de ligação com Chokr. Pelo menos 20 investigadores desse grupo, que tinham cargos de chefia, seriam imediatamente afastados, segundo declarou o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão. Esse número também passou a ser repetido pela cúpula da polícia.
Para a Secretaria da Segurança Pública, os afastamentos visavam dar transparência à investigação. A polícia, no entanto, não forneceu os nomes dos policiais suspeitos nem os locais onde trabalhavam.

Amigo
A pesquisa dos nomes dos 27 policiais suspeitos no "Diário Oficial" mostra que apenas Afonso Henriques Soares Rodrigues, chefe dos investigadores do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), teve o seu afastamento publicado -mudanças de cargos de chefia têm de ser publicadas porque envolvem remuneração e também para dar transparência.
Isso ocorreu no dia 20 de junho, quatro dias depois do anúncio de punições feito pela polícia paulista. Rodrigues, que é amigo de Chokr, pediu para sair da função, o que teria agilizado a publicação do seu afastamento. De lá para cá, nenhum outro afastamento foi publicado pela polícia.
A assessoria da Secretaria da Segurança Pública afirma que todos os afastamentos foram realizados e serão publicados no "Diário Oficial" nos próximos 15 ou 20 dias (leia texto nesta página).
O investigador Sidney Mota de Oliveira, na lista dos policiais investigados, também é citado no "Diário Oficial", mas não para perder o cargo. Na terça-feira, foi publicada a sua designação para assumir a chefia dos investigadores do 40º DP (Vila Santa Maria), na zona norte da capital paulista.
Segundo a secretaria, o número correto de investigadores que perderiam cargos de chefia é 13, e não pelo menos 20, como chegou a ser anunciado pelo governo. Segundo a pasta, houve um erro de informação e se descobriu que menos investigadores do grupo de suspeitos tinham função de chefia.


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