São Paulo, domingo, 06 de agosto de 2006

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Musas sem Photoshop criticam as sucessoras

Ex-coelhinhas juram que não fizeram nem regime antes de tirar a roupa, nos anos 80

"A gente era o que a gente era. Não tinha esse negócio de peito de silicone, bunda postiça", diz Maria Zilda, que posou nua em 1985

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Muito natureba, a maior parte das "capas" presentes à festa de 31 anos da "Playboy", quinta, no Rio, diz que é contra Photoshop, silicone e malhação.
Sucesso de vendas nos anos 80, essas jovens senhoras juram que nem sequer fizeram regime antes de tirar a roupa.
"Malhei pela primeira vez na vida há pouco tempo. Tinha vindo da Itália, comi muito, me senti barriguda. Estava com 1 kg a mais, mas tenho 1,50 m, e a TV engorda", conta a atriz Tássia Camargo, 46, que posou três vezes nua, a primeira aos 28.
Tássia afirma que "posaria hoje de novo, mas sem Photoshop". "Nunca fiz plástica nem usei sutiã, mas meu peito não segura caneta ainda."
Seu último ensaio, orgulha-se, foi feito "com luz natural". "Só tive celulite depois dos 40."
O discurso das ex-coelhinhas é cheio de expressões que fazem jus aos anos 80, como "foi um ensaio delicado"; "a gente veio ao mundo nu"; "é maravilhoso mostrar o que é belo".
A atriz Tânia Alves afirma que é "meio índio". "Vivo nua em casa. Não foi um "big deal" tirar a roupa", diz ela, que fez as fotos quando tinha "por volta de 30". "Foi nos anos 80, nem me lembro mais a data exata..."
A festa no Rio gira em torno da atual capa, Flávia Alessandra, que tem 32, idade aproximada de Tânia quando posou.
Cercada de fotógrafos por todos os lados, Flávia diz: "Gente, o meu corpo é o mesmo de quando eu tive a minha filhota. Faço a mesma academia, com o mesmo personal", diz.
Será que Tânia sente saudade de ser cortejada assim?
"Minha vida é muito maior que isso. Fiz trabalhos maravilhosos. Vão sair duas biografias minhas", ela afirma, meio anônima, na festa repleta de loironas turbinadas e idênticas.
Para Tânia, a imagem de símbolo sexual é "até engraçada". "Sabia que existe um centro de resgate da essência feminina, em Brasília, onde o material de pesquisa deles é meu DVD?"
Logo adiante, ocupado com outra personagem, o fotógrafo de 22 anos que acompanha a reportagem diz: "Essa Maria "Izilda" tomou uns cinco uísques, cara, tá bebum". A festa tem muito mais gente com menos de 31, como ele.
Em uma minienquete, todos riem do repórter: "Magda o quê, mano?";"Terezinha quem?"; "Claro, a Tássia Kiss."

Recorde após recorde
Magda Cotrofe, Terezinha Sodré e Maria Zilda Bethlem fazem sua festa particular, contando bravatas sobre como bateram (todas, por coincidência) recordes de vendagem.
"Minha edição esgotou em 15 dias. Ninguém imaginou. Despontei junto com a Luiza [Brunet]", diz Cotrofe, ex-avião ainda muito bem aos 43.
Terezinha Sodré, ex-do técnico Carlos Alberto Torres, lembra: "Fui perseguida por um olheiro que me viu na Marquês de Sapucaí de baiana: um centímetro em cima, outro embaixo e uns babadinhos atrás. Na época eu estava estourando nas novelas, vendeu prá burro".
Toda coberta, de longo acetinado, enrolada em um mantô, Maria Zilda Bethlem conta: "Não tinha esse negócio de peito de silicone, bunda postiça...".
Para ela, "mulher desejável é aquela que inspira". Maria Zilda diz que não fez regime nem malhou para posar nua. "A gente era o que a gente era."


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