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Musas sem Photoshop criticam as sucessoras
Ex-coelhinhas juram que não fizeram nem regime antes de tirar a roupa, nos anos 80
"A gente era o que a gente era. Não tinha esse negócio de peito de silicone, bunda postiça", diz Maria Zilda, que posou nua em 1985
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Muito natureba, a maior parte das "capas" presentes à festa
de 31 anos da "Playboy", quinta,
no Rio, diz que é contra Photoshop, silicone e malhação.
Sucesso de vendas nos anos
80, essas jovens senhoras juram que nem sequer fizeram
regime antes de tirar a roupa.
"Malhei pela primeira vez na
vida há pouco tempo. Tinha
vindo da Itália, comi muito, me
senti barriguda. Estava com 1
kg a mais, mas tenho 1,50 m, e a
TV engorda", conta a atriz Tássia Camargo, 46, que posou três
vezes nua, a primeira aos 28.
Tássia afirma que "posaria
hoje de novo, mas sem Photoshop". "Nunca fiz plástica nem
usei sutiã, mas meu peito não
segura caneta ainda."
Seu último ensaio, orgulha-se, foi feito "com luz natural".
"Só tive celulite depois dos 40."
O discurso das ex-coelhinhas
é cheio de expressões que fazem jus aos anos 80, como "foi
um ensaio delicado"; "a gente
veio ao mundo nu"; "é maravilhoso mostrar o que é belo".
A atriz Tânia Alves afirma
que é "meio índio". "Vivo nua
em casa. Não foi um "big deal" tirar a roupa", diz ela, que fez as
fotos quando tinha "por volta
de 30". "Foi nos anos 80, nem
me lembro mais a data exata..."
A festa no Rio gira em torno
da atual capa, Flávia Alessandra, que tem 32, idade aproximada de Tânia quando posou.
Cercada de fotógrafos por todos os lados, Flávia diz: "Gente,
o meu corpo é o mesmo de
quando eu tive a minha filhota.
Faço a mesma academia, com o
mesmo personal", diz.
Será que Tânia sente saudade
de ser cortejada assim?
"Minha vida é muito maior
que isso. Fiz trabalhos maravilhosos. Vão sair duas biografias
minhas", ela afirma, meio anônima, na festa repleta de loironas turbinadas e idênticas.
Para Tânia, a imagem de símbolo sexual é "até engraçada".
"Sabia que existe um centro de
resgate da essência feminina,
em Brasília, onde o material de
pesquisa deles é meu DVD?"
Logo adiante, ocupado com
outra personagem, o fotógrafo
de 22 anos que acompanha a
reportagem diz: "Essa Maria
"Izilda" tomou uns cinco uísques, cara, tá bebum". A festa
tem muito mais gente com menos de 31, como ele.
Em uma minienquete, todos
riem do repórter: "Magda o
quê, mano?";"Terezinha
quem?"; "Claro, a Tássia Kiss."
Recorde após recorde
Magda Cotrofe, Terezinha
Sodré e Maria Zilda Bethlem
fazem sua festa particular, contando bravatas sobre como bateram (todas, por coincidência)
recordes de vendagem.
"Minha edição esgotou em 15
dias. Ninguém imaginou. Despontei junto com a Luiza [Brunet]", diz Cotrofe, ex-avião ainda muito bem aos 43.
Terezinha Sodré, ex-do técnico Carlos Alberto Torres,
lembra: "Fui perseguida por
um olheiro que me viu na Marquês de Sapucaí de baiana: um
centímetro em cima, outro embaixo e uns babadinhos atrás.
Na época eu estava estourando
nas novelas, vendeu prá burro".
Toda coberta, de longo acetinado, enrolada em um mantô,
Maria Zilda Bethlem conta:
"Não tinha esse negócio de peito de silicone, bunda postiça...".
Para ela, "mulher desejável é
aquela que inspira". Maria Zilda diz que não fez regime nem
malhou para posar nua. "A gente era o que a gente era."
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