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Erro de projeto levou à falha, diz brigadeiro
Para presidente demitido da Infraero, manutenção ineficiente do Airbus-A320 também está entre as causas do acidente
José Carlos Pereira, que transmite seu cargo hoje ao engenheiro Sérgio Gaudenzi, considera ter sido bode expiatório na crise
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, o acidente com o vôo
3054 da TAM que matou 199
pessoas no dia 17 de março foi
resultado de vários fatores encadeados, a começar por um erro de projeto do Airbus-A320.
"Quando você tem um erro
de projeto que induz a um erro
de piloto e soma a isso um problema de manutenção, tudo fica exatamente como o diabo
gosta", disse Pereira à Folha
ontem, na véspera de transmitir seu cargo para o engenheiro
Sérgio Gaudenzi.
Em nota, a Airbus já se eximiu de qualquer culpa direta.
Em entrevistas e depoimentos,
a TAM também.
Pereira, 65, baiano como o
sucessor, ajudou a campanha
presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e ficou no
olho do furacão da crise aérea,
acusado no governo de "falar
demais".
Ele avalia que a crise é resultado, entre outras coisas, da resistência da Aeronáutica em
abrir mais concursos para controladores de vôo civis, "com
receio de que civis pudessem
fazer uma greve e paralisar o
sistema, fazer motim". Foi justamente o que ocorreu com os
controladores militares em 30
de março. "A FAB levou um
golpe no fígado", disse.
Para o brigadeiro, a demanda
de passagens aéreas vem aumentando muito, as empresas
do setor estão atuando sem devida fiscalização e a Infraero é
suspeita de corrupção.
Ele evita ataques diretos à
Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil), mas compara
com a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária): "Precisa pelo
menos saber a diferença entre
dengue e tuberculose".
Na sua opinião, ele foi demitido porque o governo precisava de um bode expiatório: "Alguém vai atacar a Aeronáutica,
a minha Aeronáutica? A Anac,
que é imexível pela Constituição? Então, quem sobrou?
Quem era o lado mais fraco?
Eu", disse ele, que foi pessoalmente à sucursal da Folha em
Brasília, ontem, ao meio-dia.
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