São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

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Governo vai apurar sumiço de objetos de vítimas de vôo da Gol

Após denúncia de parentes sobre desaparecimento de pertences dos mortos, Nelson Jobim disse que vai determinar investigação

Para promotor do DF, é preciso cautela devido ao estado emocional dos familiares, à falta de provas e à perda de objetos

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Nelson Jobim (Defesa) disse ontem que ordenará a investigação do sumiço de pertences das vítimas do vôo da Gol, que caiu em 29 de setembro de 2006.
Familiares querem saber como objetos pessoais dos mortos -celulares, cartões de crédito e documentos- foram parar nas mãos de falsários, segundo foi noticiado ontem pelo jornal "O Estado de S.Paulo".
Corpos de vítimas, que nunca se separaram de seus pertences, como jóias, anéis, colares e relógios, foram entregues sem esses objetos.
"O trabalho inicial da Aeronáutica foi a entrega desse material [documentos e pertences das vítimas] à empresa [Gol]. Nós tivemos cerca de sete a nove atores que circularam em torno desses instrumentos", disse, em Manaus.
Segundo a Associação dos Familiares e Amigos do Vôo 1907, vários casos similares -quatro "graves"- foram relatados há dois meses ao ministro Tarso Genro (Justiça), e ao brigadeiro Juniti Saito (Aeronáutica). A Aeronáutica disse à Folha que cabe à polícia investigar o extravio de pertences.
A servidora pública Anne Rickli, 30, de Brasília, filha de Maria das Graças Rickli, disse ter feito boletim de ocorrência para se apurar como o celular de sua mãe foi parar no Rio.
Seu padrasto recebeu ligação de uma pessoa querendo devolver o aparelho à família. "Disse que tinha ganho o celular de um colega da Aeronáutica." Além disso, um empréstimo em nome de sua mãe foi feito oito meses depois do acidente.
A presidente da associação de familiares das vítimas, Angelita de Marchi disse que só foram entregues aos parentes 1,6 tonelada das 6 toneladas de objetos dos passageiros. Ela perdeu o marido na tragédia. "Não recebi nenhum documento dele."
A operação de resgate foi coordenada pela Aeronáutica. Da coleta à devolução, os objetos passaram por militares, índios, policiais, bombeiros, funcionários da Gol e técnicos da empresa contratada para desinfetar os objetos. Em nota, a Gol disse que, "concluídos os trabalhos de desinfecção e catalogação, foi dado início à restituição dos mesmos a cargo do Ministério Público".
O promotor responsável pela devolução, Diaulas Ribeiro, diz que devolveu valores a 50 famílias, além de cartões de crédito, celulares, memórias de laptops e documentos. ""As declarações são absolutamente emotivas. Não posso garantir que não aconteceram furtos, isso ocorre nos locais de tragédias, mas, sem provas, o sumiço de pertences naquelas condições não pode ser considerado pilhagem", disse.
O promotor disse que irá investigar o caso do empréstimo.


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