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Governo vai apurar sumiço de objetos de vítimas de vôo da Gol
Após denúncia de parentes sobre desaparecimento de pertences dos mortos, Nelson Jobim disse que vai determinar investigação
Para promotor do DF, é preciso cautela devido ao estado emocional dos familiares, à falta de provas e à perda de objetos
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Nelson Jobim
(Defesa) disse ontem que ordenará a investigação do sumiço
de pertences das vítimas do vôo
da Gol, que caiu em 29 de setembro de 2006.
Familiares querem saber como objetos pessoais dos mortos -celulares, cartões de crédito e documentos- foram parar nas mãos de falsários, segundo foi noticiado ontem pelo
jornal "O Estado de S.Paulo".
Corpos de vítimas, que nunca
se separaram de seus pertences, como jóias, anéis, colares e
relógios, foram entregues sem
esses objetos.
"O trabalho inicial da Aeronáutica foi a entrega desse material [documentos e pertences
das vítimas] à empresa [Gol].
Nós tivemos cerca de sete a nove atores que circularam em
torno desses instrumentos",
disse, em Manaus.
Segundo a Associação dos
Familiares e Amigos do Vôo
1907, vários casos similares
-quatro "graves"- foram relatados há dois meses ao ministro
Tarso Genro (Justiça), e ao brigadeiro Juniti Saito (Aeronáutica). A Aeronáutica disse à Folha que cabe à polícia investigar o extravio de pertences.
A servidora pública Anne
Rickli, 30, de Brasília, filha de
Maria das Graças Rickli, disse
ter feito boletim de ocorrência
para se apurar como o celular
de sua mãe foi parar no Rio.
Seu padrasto recebeu ligação
de uma pessoa querendo devolver o aparelho à família. "Disse
que tinha ganho o celular de
um colega da Aeronáutica."
Além disso, um empréstimo
em nome de sua mãe foi feito
oito meses depois do acidente.
A presidente da associação
de familiares das vítimas, Angelita de Marchi disse que só foram entregues aos parentes 1,6
tonelada das 6 toneladas de objetos dos passageiros. Ela perdeu o marido na tragédia. "Não
recebi nenhum documento dele."
A operação de resgate foi
coordenada pela Aeronáutica.
Da coleta à devolução, os objetos passaram por militares, índios, policiais, bombeiros, funcionários da Gol e técnicos da
empresa contratada para desinfetar os objetos. Em nota, a
Gol disse que, "concluídos os
trabalhos de desinfecção e catalogação, foi dado início à restituição dos mesmos a cargo do
Ministério Público".
O promotor responsável pela
devolução, Diaulas Ribeiro, diz
que devolveu valores a 50 famílias, além de cartões de crédito,
celulares, memórias de laptops
e documentos. ""As declarações são absolutamente emotivas. Não posso garantir que não
aconteceram furtos, isso ocorre
nos locais de tragédias, mas,
sem provas, o sumiço de pertences naquelas condições não
pode ser considerado pilhagem", disse.
O promotor disse que irá investigar o caso do empréstimo.
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