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SÃO PAULO EM ALERTA
"Triângulo da morte", no extremo sul, tem 14,5% dos homicídios
Foram 44 assassinatos no local no segundo trimestre deste ano; região engloba Capão Redondo, Jd. São Luís e Jd. Ângela
Zona sul, como um todo, responde por 230 dos 630 homicídios registrados na capital; mesmo assim, área reduziu mortes em 9,4%
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na escola estadual da rua Dona Virginia, no Jardim São
Luís, na zona sul, o assunto dos
pais de alunos anteontem era o
homem morto com dois tiros
no peito a 300 metros da instituição. O cadáver, de um desconhecido, reforça as estatísticas
da polícia, segundo as quais o
extremo sul é a região mais violenta de São Paulo com 177 homicídios no primeiro semestre
deste ano -ou seja, 28% dos assassinatos ocorridos na cidade.
Segundo as estatísticas do
governo de São Paulo, ocorreram 630 assassinatos na capital
no primeiro semestre -cerca
de 3,4 mortes por dia. Desse total, a Secretaria da Segurança
Pública não soube definir onde
três casos ocorreram.
A zona sul como um todo (o
extremo sul e bairros mais próximos do centro, como Santo
Amaro e Brooklin) ficou em
primeiro lugar, com 230 casos
registrados. A segunda região
em número de homicídios foi a
zona leste (198), seguida pela
zona oeste (77), zona norte (74)
e centro (48).
"Triângulo da morte"
O corpo do desconhecido foi
encontrado às 4h de anteontem por uma testemunha anônima na região do 100º Distrito
Policial (Jardim Herculano),
uma das três delegacias que
formam o "triângulo da morte"
-que registraram os maiores
índices de homicídios no último trimestre.
Os outros dois vértices do
triângulo são o 47º DP (Capão
Redondo) e o 92º DP (Parque
Santo Antônio). Eles englobam, de forma aproximada, Capão Redondo, Jardim São Luís
e Jardim Ângela, regiões que,
segundo estatísticas deste ano
da Prefeitura de São Paulo,
concentram 261 favelas.
Nessas regiões, entre 27%
(Jardim São Luís) e 36% (Jardim Ângela) das famílias sobrevivem com menos de três salários mínimos por mês. Em Perdizes, por exemplo, esse índice
não chega a 4%.
Só no triângulo da morte foram registrados no segundo trimestre deste ano 44 homicídios. No mesmo período, em
todos os 93 distritos policiais
da capital, foram 303 assassinatos, segundo as estatísticas.
Na área do 100º DP, aconteceram 18 casos, na do 47º DP, 14
crimes e, na do 92º DP, 12. O assassinato de anteontem -um
dos mais recentes na área do
100º DP- entrará na estatística do 3º trimestre de 2008.
Segundo a polícia, testemunhas ouviram cinco tiros em
outro ponto do bairro durante a
madrugada; a rua Dona Virgínia, sem pavimentação e repleta de mato e lixo, foi o local escolhido pelos assassinos para
se livrar do cadáver sem chamar a atenção de testemunhas.
"Eu moro há 40 anos nesse
bairro e sou evangélico. Já vi
gente ser morta na porta da
igreja. Esse assassinato não é
surpresa para a gente", disse o
vigilante Celso Nepomuceno,
43, que levava a filha de 7 anos
para escola.
Apesar de ser a mais violenta,
a zona sul é também a que mais
tem reduzido a criminalidade.
Em relação ao primeiro semestre de 2007, teve 24 assassinatos a menos neste ano, uma redução de 9,4%. Para a polícia, a
tendência -que vem se mantendo- se deve à redução das
armas de fogo em circulação
desde a entrada em vigor do estatuto do desarmamento, ao fechamento mais cedo de bares e
à abertura de escolas para lazer
nos fins de semana.
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