São Paulo, quinta, 6 de agosto de 1998

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Duzentas pessoas vão à porta de delegacia

da Agência Folha, em Itaqui

Itaqui, a cidade gaúcha mais distante de Porto Alegre (731 km a oeste da capital), com cerca de 40 mil habitantes, teve sua rotina quebrada com a prisão do motoboy Francisco de Assis Pereira, o suspeito de ser o maníaco do parque do Estado.
Cerca de 200 pessoas foram para a frente da porta da delegacia durante a noite de anteontem, movidas pela curiosidade de ver o acusado, que estava prestando depoimento no local.
Não havia intenção de linchamento de Pereira.
A presença de tantas pessoas na rua em uma noite de inverno foi uma novidade na cidade, que é separada de Alvear, na Argentina, pelo rio Uruguai.
Além dos curiosos, dezenas de jornalistas gaúchos se deslocaram para Itaqui para cobrir o fato.
As rádios locais Pitangueiras e Cruzeiro do Sul destacaram a prisão de Pereira durante suas programações.
A pequena cidade de Itaqui, cuja economia é baseada principalmente na produção de arroz, não possui um delegado de polícia efetivo.
O delegado de São Borja, Raul Fernando da Silva Bósio, teve de se deslocar para a cidade para atender a ocorrência.

Criminalidade
A cidade, segundo o policial, tem um baixo índice de criminalidade. No ano passado, entrou no noticiário nacional com o suicídio do fazendeiro Manoel Vargas, filho do ex-presidente Getúlio Vargas, que possuía propriedades em Itaqui.
O advogado e radialista Milton Braz Rubim afirmou que, após conversas com diversos moradores da cidade, "a população de Itaqui está orgulhosa pela captura" do suspeito de ser o maníaco do parque.
O advogado disse que os comentários sobre os dois pescadores que identificaram Pereira são de que eles "agiram com muita inteligência".

Pena
Madelaine Vilaverde, mulher do pescador João Carlos Dorneles, foi quem avisou a Brigada Militar da suspeita sobre a identidade do motoboy. Ela disse ter ficado "com pena" do motoboy, após denunciá-lo.
Madelaine é empregada doméstica e mora com os dois filhos -Eduardo, 9, e Leandro, 18- em uma casa de dois quartos, sala, cozinha e banheiro a cerca de cem metros do rio Uruguai.
O marido é mecânico, mas, por falta de emprego, está "ganhando a vida como pescador".
Vilaverde passou a ser alvo da atenção da imprensa e teve de dar diversas entrevistas contando sobre as conversas que teve com o suspeito.



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