São Paulo, quinta, 6 de agosto de 1998

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Familiares dizem que Patrícia gostava de posar para fotos e fazia amizades com facilidade
Vítima do maníaco é enterrada em SP

Leonardo Colosso/Folha Imagem
Caixão com o corpo de Patrícia Gonçalves Marinho, vítima do maníaco, é enterrado, ontem, no cemitério da Vila Formosa (zona leste de SP)


da Reportagem Local

Os familiares de Patrícia Gonçalves Marinho, 24, cujo corpo foi identificado domingo entre as vítimas encontradas no Parque do Estado, disseram ontem estarem aliviados com a prisão de Francisco de Assis Pereira. O corpo de Patrícia foi enterrado ontem no cemitério de Vila Formosa (zona leste de São Paulo).
O pai da jovem, João Severino Marinho, que trabalha como motorista particular, afirmou que não há outra hipótese para sua morte a não ser o ataque de um criminoso. "Ela não tinha inimigos, não tinha briga com ninguém", disse ele.
Para João, sua filha era muito "confiada" nas pessoas, o que pode ter facilitado a atuação do assassino. "Ela fazia amizades com muita facilidade e acreditava em todo mundo", disse.
A polícia acredita que as mulheres eram atraídas ao parque do Estado com promessas de um trabalho como modelo.
Patrícia, segundo sua irmã, Roberta Marinho, 18, nunca tinha pensado em ser modelo ou manequim, mas gostava muito de tirar fotos. O pai da jovem assassinada diz a mesma coisa.
"Ela tinha até um álbum com fotografias que os familiares tiraram dela. Adorava aparecer nas fotos de família", afirmou Roberta, que também disse desconhecer alguma briga da irmã.

Sofrimento
Apesar da violência que envolveu a morte, o velório e o enterro de Patrícia não tiveram protestos, mas demonstrações de desespero. Uma das tias de Patrícia, Maria do Carmo Gonçalves, chegou a passar mal e foi levada a um pronto-socorro quando o caixão deixava o velório.
A avó de Patrícia, Josefa, com quem a jovem morava havia seis meses, não quis dar entrevistas e chorou o tempo todo.
Como o corpo de Patrícia estava em decomposição, o caixão esteve fechado o tempo todo, sem visor de vidro. Sobre as flores, havia duas fotos da jovem.
O capelão Calisberto Gomes, que liderou a última oração do velório, disse que já está acostumado aos velórios de vítimas de violência. "Já tenho até escolhidos os trechos da Bíblia que procuram confortar os familiares diante de uma morte mais sofrida", disse Gomes.
O capelão disse que foi ao cemitério por outra razão, mas quando soube do caso da jovem decidiu fazer a cerimônia. "Isso está cada vez mais comum. A violência na cidade, em especial na zona leste de São Paulo, está aumentando muito", afirmou Gomes. (RV)



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