São Paulo, quinta, 6 de agosto de 1998

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SAÚDE
Gonzalo Vecina Neto apela para cidadania e afirma que "polícia não resolve os problemas de falsificação de remédios'
Novo secretário assume Vigilância Sanitária

VANESSA HAIGH
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

O novo secretário nacional da Vigilância Sanitária, Gonzalo Vecina Neto, assumiu o cargo ontem enfatizando que "polícia não resolve os problemas de falsificação de remédios" que a secretaria vem enfrentando.
"É a cidadania que vai conseguir resolver o problema", disse. A tese de Vecina é que a conscientização da população, englobando usuários e fabricantes, é a saída. "Por isso que o nível de falsificação que existe em outros países mais civilizados é menor que o nosso", disse.
Para ele, medidas como a edição da cartilha para prevenção contra remédios falsificados, que está circulando hoje encartada em 70 jornais, e o selo holográfico em embalagens de medicamentos, cuja implantação será discutida na próxima semana, fazem parte de um conjunto de ações do Ministério da Saúde para controlar o problema da falsificação, mas sozinhos não são a solução.
"Não se resolvem os problemas da Vigilância Sanitária sem a participação da população", disse o novo secretário.

Projeto da agência
O controle da falsificação de medicamentos é o "problema imediato, a bola da vez" que Vecina tem pela frente, mas ele também terá de administrar a criação da agência que irá substituir a secretaria da Vigilância Sanitária.
A intenção do ministro da Saúde, José Serra, é que até 15 de agosto seja publicado o projeto de funcionamento da agência, para abri-lo ao debate público. O ministro não sabe se a agência será criada por meio de medida provisória ou projeto de lei, mas pretende vê-la implantada até o final do ano.
Para Serra, a agência oferece garantia de resistência às pressões políticas por cargos.
"O importante é que a agência trabalhe direito. Queremos que ela tenha uma diretoria que seja estável e não fique ao sabor de mudanças do governo, da política, do deputado que indica, do senador que indica e outro veta", disse o ministro José Serra.
"Tem de ter uma equipe estável que vá se renovando a cada ano ou dois, com mandatos nos quais o sujeito tenha tranquilidade para trabalhar, esteja ganhando bem e tenha bons equipamentos."

Credibilidade
O ministro esteve nos Estados Unidos na semana passada e visitou a FDA (agência responsável pela liberação e fiscalização de drogas e alimentos).
Ele disse que, ao contrário da agência norte-americana, a brasileira não terá laboratórios próprios. Ela usará os que a Vigilância já vem usando.
De similar com a FDA, Serra quer a credibilidade que a agência tem. "Ela tem de começar desde o início atuando de maneira impecável, porque se ocorre um problema como o da vaca louca, que aconteceu na Inglaterra, ou o caso do sangue contaminado com Aids, que aconteceu na França, arrebenta a credibilidade, mesmo que se capriche no trabalho", disse o ministro.



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