São Paulo, Sexta-feira, 06 de Agosto de 1999
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Idoso pode viver mais 15 anos

CLEIDE FLORESTA
da Reportagem Local

O idoso brasileiro vai poder viver mais daqui para frente. Os homens que chegarem aos 65 anos já podem esperar viver mais 13 anos e as mulher mais 17.
Isso significa que se a expectativa de vida das pessoas que nasciam em 1996 era de completar 63 anos, hoje é de 75, em média.
Mas segundo a demógrafa Ana Amélia Camarano, coordenadora do estudo do Ipea, se forem mantidos os ganhos nas práticas de saúde, pode-se acreditar que as expectativas de vida poderão chegar a 90 e 100 anos em um futuro bem próximo.
Esse aumento da longevidade é considerado como um ganho no acesso à informação e a progressos tecnológicos, mas não necessariamente a um aumento na qualidade de vida das pessoas.
Para o geriatra Wilson Jacob, 46, da Faculdade de Medicina da USP, o que ocorreu foi um processo inverso. As pessoas têm uma expectativa maior e agora vão ter de buscar a qualidade.
Para Ana Amélia, esse é um ganho social, e um dos indicadores de qualidade de vida. "Mas não dá para afirmar que o brasileiro está vivendo melhor."
O estudo destaca, que apesar de ter diminuído, o número de mortes sem causas definidas ainda é muito elevado. Em média 20%, para os idosos.
Segundo Alice Derntl, 60, presidente do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento da Faculdade de Saúde Pública da USP, isso é consequência da falta de diagnósticos precisos. "Muitos idosos chegam ao hospital em um estado crítico, com várias doenças, e morrem antes de o médico traçar um diagnóstico." Mas os números também mostram que a assistência não chega a todos.
Das doenças conhecidas, no entanto, o maior número de mortes é por aquelas relativas ao aparelho circulatório (como derrame, enfarte etc.). Houve, porém, entre 1980 e 1995, um aumento das mortes por doenças respiratórias, de 5,1% para os homens e 7% para as mulheres. O número de pessoas que morriam com problemas no aparelho circulatório baixou 6,2% e 7%, respectivamente.
"Hoje as pessoas sabem que se mudarem alguns hábitos podem reduzir os enfartes. Por outro lado, a obrigatoriedade da vacinação do idoso é algo muito recente, e a pneumonia é uma das causas de óbitos", diz Clineu de Mello Almada Filho, 38, geriatra.


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