São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BARBARA GANCIA

Tem um Inocêncio no meio do caminho...

Em qualquer roda que se discuta a eleição presidencial, sempre tem um gaiato que vem com o blablablá de que o primeiro mandato de FHC foi bom, mas que ele vendeu a alma para se reeleger e deu no que deu.
Parece que o pessoal esquece que no primeiro mandato de Fernando Henrique nós jogamos qualquer coisa como US$ 40 bilhões em reservas no lixo, para nada, só porque o presidente sociólogo, que não entende lá muita coisa de economia, resolveu eleger o senhor Gustavo Franco como gênio do plano estabilizador.
Vai dizer que o nobre leitor não se lembra da época em que o termocéfalo do Gustavo Franco era tido como um sujeito para lá de competente e conclamado por muitos como "menino de ouro"? Pois então. E quantas pessoas hoje ainda consideram o economista genial?
FHC sempre afirmou que, no Brasil, "governar é a arte do possível". Com isso, o presidente parece querer nos dizer que o governante que não dançar conforme o ritmo esdrúxulo imposto pela política nacional corre o risco de terminar como Jânio ou Collor.
Tudo bem, senhor presidente, até aí a gente concorda, mas precisava ter dançado "cheek to cheek" com o que há de mais nefasto na política? FHC pode ter muitas virtudes, mas avaliar a disposição moral e intelectual do próximo não está entre elas.
No caso de Gustavo Franco, ele errou, mas ao menos ninguém nunca discutiu o caráter do ex-presidente do Banco Central. Já no caso do bando de sanguessugas com quem o presidente governou, não há "arte do possível" que sirva de desculpa.
É de se perguntar como um sujeito com o refinamento e a vivência de FHC possa ter contado com o apoio de gente como o deputado do PFL Inocêncio Oliveira sem perder o sono.
As fotos dos trabalhadores mantidos em regime de escravidão na fazenda do deputado, publicadas na "Veja" desta semana, falam por si, assim com a figura hesitante e risível do deputado, que estamos acostumados a ver na televisão.
Que faltam pessoas de qualidade para preencher os quadros do governo a gente sabe. Que só se governa na base de alianças também. Mas, daí a transformar o PFL no maior parceiro do governo, são outros quinhentos.
FHC pensava em entrar para a história como estadista. Ter-se aliado com figuras lamentáveis como Inocêncio Oliveira tirou do presidente qualquer chance de que isso possa acontecer.

QUALQUER NOTA

Fiasco
O R.G. dos animais é uma ótima idéia, muito mal executada. Quem liga para o Centro de Zoonoses à procura do dono de um animal perdido é encaminhado ao pet shop que fez o registro e obrigado a contar com a boa vontade da loja. Além disso, há mais de mês o CZ não fornece formulários para registro. E, como se não bastasse, o adesivo com o telefone do CZ, que vem na placa a ser usada pelo cão, é feito com uma tinta delebilíssima.

Emmo de volta
Emerson Fittipaldi comunicou à família que pretende mudar para Miami e voltar a correr.

E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/


Texto Anterior: Ministério quer fazer campanha
Próximo Texto: Trânsito: Obra interdita trechos da Bandeirantes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.